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Dirceu e irmão receberam R$ 1,7 milhão de propina, diz Lava Jato

 Dirceu já foi condenado a 23 anos e três meses de prisão em regime fechado - Heuler Andrey/AFP
Dirceu já foi condenado a 23 anos e três meses de prisão em regime fechado Imagem: Heuler Andrey/AFP

Do UOL, em São Paulo

24/05/2016 12h19Atualizada em 24/05/2016 18h44

O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e seu irmão receberam R$ 1,7 milhão em propina por conta de um contrato de uma empresa de tubos com a Petrobras, informou nesta terça-feira (24) a força-tarefa da Lava Jato. Ele foi um dos alvos da 30ª fase da operação.

Na semana passada, Dirceu foi condenado a 23 anos e três meses de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro por envolvimento no esquema investigado pela Lava Jato.

De acordo com Roberson Pozzobon, procurador da República, a empresa de tubos Apolo pagou R$ 6,7 milhões em propina em decorrência de um contrato fechado com a Petrobras.

"As propinas pagas totalizaram R$ 6,7 milhões, e cerca de 25% desse valor, Renato Duque [então diretor de Serviços da estatal] determinou que fosse redirecionado a José Dirceu e seu irmão. Parte desses 6,7 milhões foi pago em dinheiro, em espécie, e isso foi providenciado pelo operador [e delator] Julio Camargo”, afirma Pozzebon.

Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu, também foi condenado a oito anos e nove meses de prisão na semana passada.

Renato Duque foi condenado, em setembro do ano passado, a 20 anos e oito meses de reclusão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa pelo juiz federal Sérgio Moro. Duque está preso há mais de um ano no Paraná.

30ª fase da Lava Jato envolve José Dirceu e Renato Duque

Band Notí­cias

A Apolo e a Confab, também fornecedora de tubos, pagaram valores superiores a R$ 40 milhões em propinas em decorrência de contratos de "mais de R$ 5 bilhões com a Petrobras", segundo as investigações.

Pozzobon afirmou que as duas empresas procuraram o lobista Júlio Camargo para obter vantagens em negócios com a estatal. "Foram os próprios empresários que buscaram a propina como modelo de negócio", disse o procurador.

Na atual fase da Lava Jato, batizada de "Vício", foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, dez de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecimentos e depois é liberada) e dois de prisão preventiva (sem prazo).

Foram presos Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira, sócios da empresa Credencial Construtora. "[Ela] se insere nesse esquema criminoso como mais uma dessas empresas utilizadas para lavagem de dinheiro mediante contratos falsos e repasse de propinas", disse Pozzobon.

Outro lado

Por meio de nota, a Confab informou "que não tem evidências de que seus funcionários tenham efetuado pagamentos ilegais para a obtenção de negócios com a Petrobras e que está colaborando com a investigação das autoridades".

O UOL não conseguiu falar com os outros acusados.

Duas fases em dois dias

A fase de hoje ocorre um dia após a deflagração da 29ª fase, que foi batizada de "Repescagem", o que não é habitual na Operação Lava Jato. A 28º, por exemplo, foi realizada no dia 12 de abril, ou seja, houve um intervalo de mais de 40 dias.

Questionado em abril sobre os intervalos das fases, o juiz Sergio Moro, que cuida das ações em primeira instância, disse que a "Operação Lava Jato não é seriado de TV, que tem que ter capítulo toda semana".