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Cortes de Temer na saúde e educação não passariam pelas urnas, diz Dilma

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

16/06/2016 14h56

A presidente afastada, Dilma Rousseff, criticou nesta quinta-feira (16) o projeto de lei enviado ao Congresso ontem pelo presidente interino, Michel Temer, que propõe teto para os gastos públicos e também muda o mínimo obrigatório nas áreas de educação e saúde.

"Ontem nós tivemos, infelizmente, o envio de uma proposta ao Congresso que vai reduzir os investimentos mínimos obrigatórios em saúde e educação. Não há nenhuma justificativa, não há sequer razão para reduzir justamente saúde e educação num país como o Brasil. Nós sabemos que todo esse programa levado a cabo pelo governo golpista sabe que não passaria pelas urnas desse país. Ninguém votaria nisso”, disse Dilma em Salvador.

Segundo o projeto do governo Temer, os valores mínimos para educação e saúde passam a ser corrigidos pela inflação do ano anterior e não estarão mais vinculados as receitas. Hoje, o gasto mínimo previsto na lei é de 13,2% da receita líquida para a saúde e 18% para educação.

Em Salvador, Dilma recebeu, no início esta tarde, o título de cidadã da Bahia durante solenidade na Assembleia Legislativa. Além de Dilma, participou da cerimônia o ex-ministro-chefe da Casa Civil e ex-governador baiano Jaques Wagner (PT).

A presidente afastada ainda voltou a afirmar que o governo interino não deveria tomar medidas que, segundo ela, desmontam o país.

"Isso é muito grave, um governo provisório não pode desmontar o país, não pode fazer o país voltar atrás. Sabemos que a crise que o Brasil atravessa é grave, sem dúvida é muito grave; mas um governo interino, que não tem legitimidade para propor soluções, que sequer debate com movimentos sociais, não tem condições de mapear o caminho para sairmos dessa crise", afirmou.

Dilma ainda repetiu que o atual governo interino pretende cortar recursos do Bolsa Família e reduzir o Minha Casa, Minha Vida para as famílias de menor faixa de renda.

A presidente afastada voltou a defender que o povo vá às ruas e prometeu negociar com senadores a retomada de seu mandato ao fim do julgamento de impeachment no Senado.

“Temos que lutar, que dialogar com os senadores que têm compromissos com país. Além disso, temos de ir às ruas, debater, dialogar e conversar com os movimentos sociais, acreditar na força da democracia do nosso país. Só lutando pela democracia conseguiremos apostar de fato a raiz de todos os parasitas que tentam sugar a raiz da árvore da nossa democracia”, afirmou.