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Senador pró-impeachment diz que comissão é formalidade: "já temos posição"

Quase sem voz, testemunha é dispensada

UOL Notícias

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

16/06/2016 13h58

Favorável ao impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), o senador Alvaro Dias (PV-PR) declarou que "não há ninguém indeciso" na comissão que julga o afastamento da petista no Senado, e que os parlamentares estão apenas "cumprindo uma formalidade". As declarações foram feitas durante sessão de depoimentos de testemunhas da defesa, na manhã desta quinta-feira (16).

"Aqui nesta comissão não há ninguém indeciso. Nós estamos cumprindo uma formalidade, porque na realidade aqui todos nós já temos uma posição, consequência de uma convicção construída ao longo do debate dessa matéria", disse Dias. Neste momento, ele foi interrompido pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR): "então era melhor cancelar os trabalhos dessa comissão".

O senador, que não integra o colegiado, mas participa regularmente dos trabalhos da comissão, continuou: "nós percorremos um longo itinerário durante os debates que precederam a admissibilidade do processo de impeachment [em maio] e discutimos mérito, sim".

O parlamentar afirmou ainda ter certeza de que quem acompanha a comissão verificará, ao final do processo, que não houve alteração de posicionamento. "Os cinco votos, de um lado, e os 15, do outro, estarão consagrados", disse Dias. Ele se referia ao resultado da votação do relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da comissão, no início do mês passado. Na ocasião, 15 senadores se posicionaram pela abertura do processo contra Dilma.

Mais tarde, ainda durante a sessão desta quarta, a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) citou as palavras de Dias, que é ex-governador do Paraná, para criticar os trabalhos da comissão. "Isso aqui é um jogo de carta marcada", declarou.

Desde o depoimento da primeira testemunha de defesa de Dilma na comissão, na terça (14), senadores que votaram pelo afastamento da petista deixaram de questionar os convocados pelo advogado e ex-ministro José Eduardo Cardozo.

Adotada em meio a disputa entre opositores e aliados de Dilma quanto aos prazos da comissão --os primeiros têm pressa, e os segundos querem mais tempo--, a estratégia tem sido criticada pelos parlamentares favoráveis à presidente afastada.

Na noite desta quarta (15), a comissão decidiu, por maioria, dispensar a última das quatro testemunhas arroladas pela defesa, seguindo proposição do relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG). 

O consultor de Orçamento do Senado Hipólito Gadelha foi liberado de prestar depoimento depois de dizer que não participou diretamente da edição dos decretos legislativos ou assinado ato que subsidiasse a edição dos decretos, um dos objetos da denúncia contra a presidente afastada. A decisão irritou a defesa de Dilma.

Majoritariamente composta por integrantes da base do presidente interino, Michel Temer, o colegiado apreciou, até a segunda (13), 81 requerimentos, apresentados por seus próprios integrantes, desde o afastamento de Dilma.

Enquanto 28 dos 37 pedidos dos senadores anti-Dilma foram aprovados (pouco mais de três quartos do total), dentre os 44 requerimentos apresentados por defensores da petista, 24 foram aceitos (54,5%), e 20 rejeitados (45,5%).