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Presidente do Conselho de Ética diz que Cunha perde força e vê "desespero"

Deputado José Carlos Araújo (PR-BA), presidente do Conselho de Ética - BBC Brasil
Deputado José Carlos Araújo (PR-BA), presidente do Conselho de Ética Imagem: BBC Brasil

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

21/06/2016 14h28Atualizada em 21/06/2016 18h59

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PR-BA), rebateu as acusações do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e afirmou que o peemedebista “perde força” entre aliados após a provação de seu pedido de cassação.

Cunha lançou suspeitas contra Araújo em entrevista coletiva a jornalistas na manhã desta terça-feira (21), ao afirmar que o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT) teria lhe prometido controle político sobre o presidente do Conselho de Ética, numa sinalização de que poderia salvar seu mandato em troca do arquivamento do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff

“Eu vi agora na entrevista. Poucos deputados o acompanharam. Isso é um sinônimo claro de que ele está perdendo a força nesta Casa e por isso o desespero dessas acusações infundadas contra os deputados”, disse Araújo.

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UOL Notícias

Cunha afirmou mais cedo que pediu para que aliados não fossem ao evento pois não queria transformar a entrevista em um ato político.

Na entrevista, o peemedebista também voltou a descartar renunciar ao cargo de presidente da Câmara ou ao mandato de deputado.

Para Araújo, o enfraquecimento do peemedebista fará com que ele tente se manter o maior tempo possível no cargo. “A renúncia é um ato unilateral dos deputados. Eu acredito que ele não vai renunciar. Se ele já está perdendo força, se renunciar à Câmara ou à presidência, aí ele acaba. E ele vai prolongar sua vida parlamentar o máximo que ele pode”, disse o presidente da comissão de ética.

Sobre as acusações feitas por Cunha, Araújo afirmou que Wagner, ex-governador do mesmo Estado do deputado, não teria nenhum controle sobre sua atuação no Conselho de Ética.

“Eu não tenho controle sobre o que o ministro Jaques Wagner fala, mas com certeza o ministro não tinha controle sobre mim”, disse Araújo.

“Uma das coisas que disse ao meu partido ao mudar de partido, é que o Conselho de Ética não poderia ser de forma nenhuma tocado em assuntos do partido. O Conselho de Ética é apartidário”, afirmou. Durante a tramitação do processo contra Cunha no Conselho de Ética, Araújo migrou do PSD para o PR.

A reportagem do UOL tentou contatar o ex-ministro-chefe do Gabinete da Presidência Jaques Wagner por duas vezes nesta terça-feira (21), mas não obteve êxito. Foram feitas ligações para o seu telefone pessoal e para o telefone de um assessor, mas nenhuma das ligações foi atendida.

Entenda as acusações contra Cunha

O Conselho de Ética aprovou pedido de cassação do deputado no último dia 14

O deputado é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras, em março de 2015, quando afirmou não possuir contas na Suíça.

Posteriormente, a Procuradoria-Geral da República confirmou a existência de contas na Suíça ligadas a Cunha e seus familiares, e um delator da Lava Jato disse em depoimento à comissão que entregou R$ 4 milhões a representantes do peemedebista.

O deputado nega envolvimento no esquema de corrupção e diz não possuir contas bancárias no exterior, mas trusts, um tipo de investimento para o qual não seria exigida à declaração à Receita Federal e no qual a administração dos bens passa à titularidade de terceiros.

Além das acusações que enfrenta no Conselho de Ética, Cunha se tornou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no STF e é alvo de pelo menos outras duas denúncias e de um inquérito no STF. Segundo o "Estadão Conteúdo", o número de denúncias contra Cunha no STF, em maio, era de oito.

Em uma das ações, que deve ser julgada no dia 23, a Procuradoria-Geral da República acusa Cunha de ter abastecido contas secretas na Suíça com dinheiro de propina do esquema da Petrobras. Caso aceita a denúncia e torne o deputado réu num segundo processo, esta seria a primeira manifestação do STF sobre as contas suíças de Cunha.

A terceira denúncia da Procuradoria acusa o peemedebista de ter solicitado e recebido propina do consórcio formado por Odebrecht, OAS e Carioca Christiani Nielsen Engenharia –que atuava na obra do Porto Maravilha– no montante de cerca de R$ 52 milhões.

A mulher do deputado, Cláudia Cruz, se tornou ré pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, após o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, aceitar denúncia do Ministério Público Federal que também trata do uso das contas suíças pela mulher do deputado.

Há ainda um inquérito contra Cunha no STF em que ele é acusado de recebimento de propina de Furnas.

Cunha nega irregularidades em todos os casos e só é réu no primeiro deles. Nos outros, o STF ainda precisa julgar se aceita o pedido da PGR.

O deputado está afastado da Presidência da Câmara desde maio deste ano, por decisão do STF, que entendeu que ele utilizava o cargo para interferir nas investigações contra ele.

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