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Deputados do Conselho de Ética criticam relator escolhido para recurso de Cunha

O deputado e presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - Dida Sampaio - 19.mai.2016/Estadão Conteúdo
O deputado e presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Imagem: Dida Sampaio - 19.mai.2016/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

28/06/2016 11h37Atualizada em 28/06/2016 14h39

Integrantes do Conselho de Ética da Câmara contestaram nesta terça-feira (28) a escolha do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) para ser o relator na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do recurso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra seu processo de cassação.

A escolha de Fonseca foi anunciada nesta segunda-feira pelo presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR).

“Da mesma forma que eu não poderia ser relator, alguém que já tem posição clara na defesa do deputado também não poderia ser. Ele já se manifestou claramente na defesa de Eduardo Cunha”, afirmou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que é membro das duas comissões e votou favoravelmente à cassação de Cunha no Conselho de Ética.

Reportagem da “Folha de S.Paulo”, em dezembro, revelou que Fonseca procurou integrantes do Conselho de Ética para criticar o primeiro relatório que sugeria a cassação de Cunha. Na época, Fonseca negou ao jornal ter pedido votos a favor de Cunha.

"O que eu fiz com alguns lá foi discutir a questão jurídica do relatório. Ao meu ver, o primeiro relatório do [Fausto] Pinato era equivocado", disse Fonseca à “Folha”, na ocasião. "Pedir pro cara votar [a favor de Cunha] não, isso aí, não. Agora, discuti com vários, tenho vários amigos lá, discuti com vários sobre o relatório", afirmou, em dezembro.

O presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou que, caso se confirme a posição a favor de Cunha do deputado do PROS, ele não deveria ser o relator do recurso na CCJ.

Araújo, no entanto, afirmou que ainda não identificou no registro das sessões da comissão manifestação de Fonseca favorável a Cunha, mas prometeu enviar as notas taquigráficas das sessões à CCJ. Segundo o presidente do Conselho de Ética, a decisão sobre a relatoria caberá a Serraglio.

“Ainda não li as notas taquigráficas. As informações são de que foram uma defesa veemente do deputado Eduardo Cunha. Se configurar isso, acho que o próprio deputado [Ronaldo Fonseca] vai se lembrar e se considerar suspeito”, afirmou Araújo.

O relator do processo contra Cunha no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que considera Fonseca um deputado tecnicamente preparado, mas que não poderia ser relator do recurso do peemedebista caso se confirme sua posição contrária ao pedido de cassação.

“Considero tecnicamente preparado. Esse aspecto de que ele já teria se antecipado contra posições do conselho e antecipado juízo de valor em relação a esse processo me parece preocupante, porque um dos aspectos suscitados no recurso [de Cunha] é justamente o impedimento do presidente José Carlos Araújo por ter manifestado opinião no processo”, disse Rogério.

A reportagem do UOL ainda não conseguiu entrar em contato com o deputado Ronaldo Fonseca.

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