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Haddad diz que 'cometeu pecado' de falar pouco sobre feitos na Prefeitura de SP

Do UOL, em São Paulo

06/07/2016 14h52

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que demorou para perceber a importância das redes sociais como ferramenta de comunicação. “Cometi o pecado de interagir pouco no começo do meu governo. Não vi o potencial [das redes]. Nós temos que explorar melhor as novas formas de comunicação”, disse o pré-candidato do PT à reeleição para a prefeitura paulistana em entrevista ao programa “Hora do Rango”, da rádio Brasil Atual.

Levantamento do UOL mostrou que o prefeito está fazendo justamente isso. Dos 112 posts de sua página no Facebook no primeiro semestre do ano, 59% apresentavam feitos de sua gestão.

Haddad criou uma fanpage apenas em 27 de outubro de 2015. Hoje, ela conta com 199,9 mil seguidores, quase 19 vezes menos que o deputado federal Marco Feliciano (PSC), pré-candidato que tem o maior engajamento nas redes sociais. “Eu venho de tese de doutorado, de longos textos. Mas você tem que se acomodar [às novidades]. Penso que estou sendo mais bem-sucedido agora.”

Para o petista, as redes podem servir como uma espécie de “defesa”. Haddad diz que a “grande imprensa” não fala de assuntos importantes da cidade. “Sempre houve lado e acho que faz parte da liberdade de imprensa as pessoas tomarem lado, desde que elas deixem claro que aquilo é a opinião delas. Mas isso não pode comprometer a informação.” O prefeito queixou-se, principalmente, do “pouco espaço” que temas como a renegociação da dívida paulistana e o Plano Diretor tiveram nas mídias.

Haddad viu “má vontade” contra sua gestão desde o começo do mandato. “Tinha uma emissora [TV Record] que já tinha um candidato. Outra [TV Bandeirantes] tinha e acabou desistindo. É difícil concorrer com emissoras de televisão que têm candidato próprio”, avaliou o prefeito.

O prefeito referiu-se ao deputado federal Celso Russomanno -- pré-candidato pelo PRB, ligado à Igreja Universal, instituição comandada pelo proprietário da Record-- e a José Luiz Datena --jornalista de emissoras de rádio e televisão do Grupo Bandeirantes --, que saiu da disputa.

Russomanno lidera disputa pela Prefeitura de SP

UOL Notícias

Até o dia 30 de junho, Russomanno apresentava reportagens sobre direitos do consumidor nos programas “Hoje em Dia” e “Cidade Alerta”, da TV Record. Por razão da legislação eleitoral, o deputado deixou as atrações.

Datena desistiu de disputar a prefeitura após denúncias envolverem o PP, partido ao qual havia se filiado. Outro funcionário da TV Bandeirantes deve estar na disputa de outubro. João Doria Jr., pré-candidato do PSDB, apresentava, até o fim de junho, dois programas de entrevista no grupo de comunicação: “Show Business” (TV Bandeirantes) e “Face a Face” (BandNews TV).

Disputa embolada

Empatado com outros sete pré-candidatos na segunda posição na última pesquisa Ibope de intenção de voto, Haddad minimizou a situação lembrando a disputa de 2012, da qual saiu vencedor contra o tucano José Serra.

“Ouvi de muita gente que o Serra era imbatível. Perguntei em uma reunião: ‘É possível derrotar o Serra com um programa de governo?’. Quase todos disseram que não. Mas acho que foi assim que o derrotamos: com programa de governo”, avalia o pré-candidato. “Se mostrarmos o que nós fizemos, a gente dá de lavada nos antecessores. E, se a gente mostrar o que fez e projetar, acho que temos chance de ganhar.”

Sobre o momento político que vive o país, Haddad avalia que a esquerda precisa mudar de comportamento. “Acho que a posição não tem que ser sectária se a esquerda quiser sobreviver no Brasil. Se não compreenderem o momento histórico e se fragmentarem [os apoiadores da esquerda], quem vai surfar é a direita.”

Nesse cenário, Haddad opina que a senadora e ex-petista Marta Suplicy (PMDB), sua provável concorrente pelo cargo, “manchou” sua biografia ao deixar o PT. “Acho uma pena o que a Marta fez, ter trocado de legenda pela prefeitura e pelo voto no Senado. Acho que mancha sua biografia”, afirmou.