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PF faz busca na casa de deputada que elogiou marido em voto pelo impeachment

Ruy Muniz (PSB), prefeito de Montes Claros (MG) - Reprodução/Facebook/André Senna - Reprodução/Facebook/André Senna
Ruy Muniz (PSB), ex-prefeito de Montes Claros (MG)
Imagem: Reprodução/Facebook/André Senna

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

09/09/2016 13h43

A deputada federal Raquel Muniz (PSD) e o marido, o ex-prefeito de Montes Claros Ruy Muniz (PSB), foram alvos de nova operação da PF (Polícia Federal) e da Receita Federal nesta sexta-feira (9), que investiga fraudes estimadas em R$ 300 milhões em municípios do norte de Minas Gerais. Na madrugada de hoje, equipes da PF e da Receita fizeram buscas na casa do casal no município distante 420 km de Belo Horizonte, e em unidades da Rede Soebras, de ensino, que pertence à família dos Muniz.

Raquel Muniz ficou famosa após ter elogiado o marido, então prefeito de Montes Claros, nomeando-o como exemplo para o país no voto pela aceitação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. " Horas depois, Ruy Muniz foi preso em um hotel de Brasília. Transferido para o presídio de Montes Claros, ele obteve o regime de prisão domiciliar em 25 de maio, mas acabou perdendo o cargo e afastado da prefeitura. Agora, Muniz tenta reeleger-se novamente como prefeito, tendo lançado sua candidatura pelo PSB.

A assessoria do casal informou que estão colaborando com a Justiça e confiantes de que a "verdade" vai prevalecer.

De acordo com a PF, parte do dinheiro desviado pelos “integrantes da organização criminosa” são verbas públicas federais essenciais, especialmente do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), repassados pelo Ministério da Educação às entidades pseudo-filantrópicas do grupo criminoso”.

“O núcleo familiar da organização criminosa, durante quase 20 anos, promoveu a apropriação e a subtração de recursos das entidades beneficentes para enriquecimento pessoal, incluindo mansões e imóveis de alto valor, aeronaves, automóveis, além de elevados saques e desvios de valores para custeio de despesas pessoais e políticas, muitos dos quais por contratos fictícios”.

Por meio de nota, a corporação, informou que a operação, batizada de Véu Protetor, busca desarticular a “organização criminosa voltada à prática de fraudes tributárias e previdenciárias, estelionatos qualificados, desvio de recursos de entidades beneficentes de assistência social sem fins lucrativos e de verbas públicas federais”. De acordo com a PF, os recursos desviados dos cofres públicos eram usados em benefício econômico e político da deputado e do marido.

A operação também foi feita em Brasília, Belo Horizonte, Lavras (MG), Contagem (MG), Lages (SC), além de Montes Claros. Foram cumpridos onze mandados de busca e apreensão em empresas ligadas ao esquema e em endereços residenciais da família Muniz.

Ainda de acordo com a PF, as investigações tiveram início há dois anos. Os políticos envolvidos seriam administradores de 133 instituições que têm por finalidade a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde, em todo o país.

“Essas instituições – que seriam mantidas por uma entidade beneficente, em uma associação sem fins lucrativos – teriam deixado de recolher mais de R$ 200 milhões em tributos, além de outros R$ 100 milhões em dívida ativa”, informou a PF.

Voto

A deputada ficou famosa quando, na sessão da Câmara que levou o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, disse: "meu voto é para mostrar que o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso com a sua gestão". 

Outro lado

Por meio de nota, na tarde desta sexta-feira (9), a assessoria do casal informou que eles estão colaborando com a Justiça e confiantes de que a "verdade" vai prevalecer.
 
"O Prefeito Ruy Muniz , sua esposa, a Deputada Federal Raquel Muniz  afirmam que eles e toda a família estão sempre prontos a colaborar com a Justiça. Certos de que a verdade prevalecerá se mantêm  confiantes na Justiça", informou a nota.
 
O UOL tentou localizar a direção estadual do PSB, que após a criação de uma comissão especial em maio, discutiu as acusações contra o filiado, mas o manteve no partido e não aplicou sanções a Muniz. A legenda é presidida no Estado pelo prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB).