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Análise: Prisão e pressão sobre família podem levar Cunha à delação premiada

Cláudia Cruz disse que acredita que os recursos do marido vinham de atividades no mercado financeiro e que nunca fez perguntas sobre o dinheiro - Pedro Ladeira/Folhapress
Cláudia Cruz disse que acredita que os recursos do marido vinham de atividades no mercado financeiro e que nunca fez perguntas sobre o dinheiro Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Maria Júlia Marques

Do UOL, em São Paulo

19/10/2016 17h01

A prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nesta quarta-feira (19) em Brasília pode amedrontar os políticos envolvidos com Cunha já que há especulações sobre uma possível delação premiada do ex-deputado. "A prisão era de se esperar, já existia um processo e uma série de indícios de ilegalidades, mas com certeza tira o sono de muita gente", afirma professor de ciência política do Insper, Carlos Melo.

Segundo Melo, não é possível prever quais serão os próximos passos de Cunha, uma vez que o próprio ex-deputado deve estar analisando as possibilidades, mas existe um fator que pode ser decisivo: a família.

Com suspeitas de que a filha e mulher do ex-deputado também estejam envolvidas com corrupção, Cunha pode falar na tentativa de poupar a família.

"Ser preso causa medo no sujeito e ter a família envolvida é um ponto de aflição a mais. O suposto envolvimento da mulher e da filha faz uma pressão maior para que ele fale. Quando envolve a família, o caso fica mais dolorido, mais complicado"

Carlos Melo, professor do Insper

Na ação contra Cláudia Cruz, mulher de Cunha, a Procuradoria da República aponta que ela teria lavado dinheiro e evadido cerca de US$ 1 milhão por meio de contas secretas no exterior abastecidas por seu marido com dinheiro da corrupção na Petrobras. Nesta segunda-feira (17), Moro marcou o interrogatório de Cláudia para o dia 14 de novembro.

No caso de Danielle Ditz da Cunha, filha do ex-deputado, os procuradores afirmam que dinheiro de corrupção foi usado para pagar seu casamento, em junho de 2011 no Copacabana Palace, Rio de Janeiro.

"É natural que para chegar na liderança do PMDB Eduardo Cunha criou uma base de aliados muito forte, mesmo após sua cassação. É difícil prever se ele vai cair sozinho ou levar mais gente, mas há um grande potencial para que mais nomes venham à tona", diz. "Temos que esperar para ver o que Cunha sabe e o que estará disposto a dizer".

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