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Mulher de Cunha visita ex-deputado na carceragem da PF

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A jornalista Claudia Cruz deixa a sede da Polícia Federal, em Curitiba, ao lado de um dos advogados do marido, o ex-deputado Eduardo Cunha
Imagem: Janaina Garcia/UOL

Janaina Garcia

Do UOL, em Curitiba

21/10/2016 10h13

A jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), visitou o marido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba na manhã desta sexta-feira (21). Cunha está preso no local desde a tarde de quarta-feira. A visita durou duas horas: das 8 às 10 horas.

Cláudia saiu acompanhada do advogado Marlus Arns, que, ontem, disse na sede da PF, aos jornalistas, que nenhum parente de Cunha o visitaria em Curitiba a fim de poupá-los --o preso e os familiares --de desgaste com eventuais protestos. Na ocasião, Arns justificou que "os ânimos na sociedade estavam exaltados".

Cláudia saiu sem falar com a imprensa. De roupa preta, óculos escuros e cabelos tingidos em um tom mais escuro, usando um coque, passou incólume pela recepção e pela entrada da PF, sem ser identificada por populares.

Ao saírem, ela e o advogado entraram em um carro branco com placas de Curitiba, sede do escritório de Arns, um dos três que atendem Cunha --os outros dois escritórios são do Rio e de Brasília.

Pelas regras da PF, a visita semanal de presos só pode ser feita às quartas-feiras em horário comercial, ou seja, das 8h às 18h. Questionada sobre a visita da jornalista hoje, a assessoria de imprensa da instituição informou que, "pelo fato de ele [Cunha] ter chegado na quarta-feira em condições especiais e específicas, ou seja, no final da tarde, sem possibilidade de recebimento de visita", o encontro foi liberado.

Cunha chegou à Superintendência da PF na capital paranaense, na quarta-feira às 17h30.

O advogado disse ontem que entraria com pedido de habeas corpus no TRF-4 (Tribunal Regional Federal), em Porto Alegre, ainda hoje. Na saída com a jornalista ele não confirmou; a assessoria do escritório, contudo, informou que essa previsão, por ora, continua valendo.

Cunha recebeu comida especial ontem

A suposta não visita de Cláudia ao marido é a segunda declaração da defesa de Cunha que cai por terra horas depois de o advogado se pronunciar.

Também ontem, o advogado havia dito que o ex-deputado não teria feito nenhum pedido especial, por exemplo, em relação à alimentação --de modo que sua primeira refeição, na quarta, foi a mesma marmita servida aos demais presos: arroz, feijão e frango.

Ontem à tarde, porém, o UOL flagrou o momento em que dois advogados do peemedebista chegaram com cinco caixas plásticas com itens de higiene --como papel higiênico especial --, alimentos --macarrão instantâneo, entre outros --e refrigerantes.

Cunha está preso na mesma ala onde fica outro réu da operação Lava Jato, o ex-ministro Antônio Palocci. Além deles, estão na carceragem, em ala separada, nomes como o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o doleiro Alberto Yousseff.

Cláudia também é ré na Lava Jato

Cláudia também é ré na Operação Lava Jato. Ela é acusada de lavagem de dinheiro e evasão de divisas de cerca de R$ 1 milhão por meio de contas secretas no exterior que seriam abastecidas pelo marido com dinheiro de corrupção na Petrobras. Ela nega as acusações.

Na última segunda-feira, Moro agendou o interrogatório da jornalista e do empresário Idalécio de Oliveira, também réu na ação, para o próximo dia 14 --seis meses após o juiz da Lava Jato aceitar a denúncia contra a mulher de Cunha.

No dia 9, serão interrogados o ex-diretor Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada e o lobista João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras. Eles são réus na mesma ação de Cláudia.

O interrogatório encerra as alegações finais das defesas e da acusação e representam a etapa final antes do julgamento.