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Nomeado por Renan, preso pela PF comandava a polícia do Senado há 11 anos

O diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, preso nesta sexta-feira - Edilson Rodrigues 31.out.2014/Agência Senado
O diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, preso nesta sexta-feira Imagem: Edilson Rodrigues 31.out.2014/Agência Senado

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

21/10/2016 13h53

Preso nesta sexta-feira (21) pela Polícia Federal, o diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo Araújo de Carvalho, comandava a corporação há 11 anos, tinha 161 policiais à sua disposição e um salário de R$ 33 mil (sem descontos). Pedro Ricardo é apontado pelo MPF (Ministério Público Federal) como o principal responsável por ações conduzidas pela polícia do Senado para obstruir investigações da Operação Lava Jato.

Pedro Ricardo Araújo de Carvalho ingressou na Polícia do Senado em 1993. Ele é tido como homem de confiança do presidente do Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP).

Foi em março de 2005, durante a primeira passagem de Renan Calheiros pela Presidência do Senado, que Pedro Ricardo foi nomeado diretor da polícia do Senado. Ele continuou no cargo durante os dois mandatos consecutivos de José Sarney (2009 a 2012) à frente da Casa e vem sendo mantido por Calheiros desde que ele retornou ao cargo, em 2013.

Apontado pelo MPF como responsável pela destruição de escutas utilizadas pela PF durante as investigações da Operação Lava Jato, Pedro Ricardo requisitou a compra de equipamentos antiespionagem para o Senado em 2011. À época, ele reclamava que os equipamentos à disposição da polícia do Senado estariam defasados. 

Entenda

Pedro Ricardo e outros três policiais do Senado foram presos nesta sexta-feira durante a deflagração da Operação Métis pela PF a pedido do MPF.

Segundo o MPF, um policial legislativo fez um acordo de delação premiada no qual ele revelou que agentes da corporação fizeram varreduras em imóveis particulares e funcionais ligados a três senadores e um ex-parlamentar, todos investigados pela Operação Lava Jato.

Ainda de acordo com o MPF, o objetivo das operações de varredura era localizar e destruir escutas tanto telefônicas como ambientes. Ainda de acordo como órgão, policiais chegaram se deslocar às cidades de São Luiz (MA) e Curitiba (PR) para as varreduras.

O juiz federal que decretou a prisão dos quatro policiais do Senado, Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, disse que Pedro Ricardo é o “principal responsável pelas condutas e autor das ordens” que resultaram nas ações que teriam prejudicado as investigações da PF. Segundo Vallisney, Pedro Ricardo “exerce a liderança da associação criminosa”.

Em nota, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que mora em Curitiba, afirma ter solicitado apoio do Senado para fazer varreduras em sua residência, mas negou que o intuito do pedido tenha sido obstruir as investigações da Operação Lava Jato. “Solicitei ao Senado que a Polícia Legislativa, dentro de suas atribuições legais, fizesse uma verificação e uma varredura eletrônica nas residências. Fiz o pedido formalmente [...] Fazer isso não configura obstrução alguma. Apenas queria ter informação de segurança sobre minha residência”, afirma a senadora em nota.

Também por meio de nota, Renan Calheiros disse que a “Polícia Legislativa exerce suas atividades dentro do que preceitua a Constituição” e que “o Senado Federal manterá postura colaborativa e aguardará as investigações para quaisquer providências futuras”.

Outros senadores citados como tendo relação com o caso -- Fernando Collor (PTC-AL), Edison Lobão (PMDB-MA) -- e o ex-senador José Sarney (PMDB-AP) negam ter atuado para obstruir as investigações.
 

Operação da PF prende policiais do Senado

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