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Manifestantes trocam provocações em atos simultâneos na Paulista

23.out.2016 - Manifestantes protestam na avenida Paulista contra a morte de mulheres. O ato foi organizado em solidariedade aos recentes protestos na Argentina após a morte bárbara de uma garota de 16 anos que foi drogada e estuprada - Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo - Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo
Ato de grupos feministas na Paulista foi organizado após morte de garota de 16 anos na Argentina
Imagem: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo*

23/10/2016 18h18Atualizada em 23/10/2016 19h00

A avenida Paulista, em São Paulo, foi palco de dois atos simultâneos neste domingo (23) marcados para o mesmo local, o vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo). As manifestações culminaram em trocas de provocações entre os dois grupos e com cordão de isolamento da Polícia Militar no meio da avenida separando os dois atos.

Cerca de 200 manifestantes protestaram na tarde deste domingo (23) pelo fim do foro privilegiado e pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, na avenida Paulista, em São Paulo - Marcelo D. Sants/Estadão Conteúdo - Marcelo D. Sants/Estadão Conteúdo
Manifestantes protestam na Paulista e pedem prisão do ex-presidente Lula (PT)
Imagem: Marcelo D. Sants/Estadão Conteúdo

De um lado, cerca de 200 manifestantes, em sua maioria com roupas nas cores do Brasil, protestavam pedindo a prisão do ex-presidente Lula (PT) e do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB). O evento no Facebook, convocado por grupos de direita, ainda citava apoio à Operação Lava Jato, pedia o fim do foro privilegiado e era contra o projeto de lei do abuso de autoridade.

O outro ato foi organizado por grupos feministas e movimentos sociais. A causa do protesto era apoiar os recentes protestos feitos na Argentina contra o feminicídio. Atos iniciados no país vizinho se espalharam pela América do Sul após a morte brutal de uma jovem de 16 anos que foi drogada e estuprada.

As militantes feministas seguiram em passeata pela rua Augusta até a praça Roosevelt. "Não são crimes passionais. Não são homicídios apenas. São assassinatos que as vítimas sofrem por serem mulheres”, disse a coordenadora de juventude da União Brasileira de Mulheres, Maria das Neves, para explicar a diferença entre um feminicídio e um homicídio comum.

 

Para combater os assassinatos de mulheres, Maria das Neves defende a divulgação da lei que qualifica o feminicídio como crime hediondo e delegacias da mulher que funcionem 24h. A ativista disse que o Brasil é um dos países com maior número de homicídios praticados especificamente contra mulheres.

Apesar de o caso ter acontecido no país vizinho, a estudante Manuela Pires, de 14 anos, diz que esse tipo de violência é também recorrente no Brasil. “Eu acho que o perigo e todas essas coisas que a gente está vendo na Argentina, são coisas que acontecem todos os dias na nossa rua, do lado de casa”, disse a jovem, que foi ao ato com as companheiras de um coletivo feminista formado na escola onde estuda.

“A gente está aqui com uma geração de mulheres que está lutando muito para mudar isso, para fazer com que a gente consiga andar por aí de cabeça erguida. Consiga não se intimidar e ter uma irmandade entre todas as mulheres para que todo mundo tenha voz”, disse.

Marcados para o mesmo horário e no mesmo local, os dois protestos inevitavelmente se encontraram e houve troca de provocações. Enquanto os manifestantes com as cores nacionais entoavam cânticos contra Lula e provocavam o ato feminista, o outro grupo, na maioria de jovens e mulheres, respondia com "fora, Temer" e gritos de "golpistas".

A Polícia Militar criou um cordão de isolamento entre os dois atos para evitar possíveis confrontos. Mesmo assim, as provocações seguiram. Os dois lados ainda portavam cartazes defendendo suas respectivas causas. (Com informações da Agência Brasil)