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Em encontro rápido e com ironias, Fruet e Greca iniciam transição em Curitiba

Greca (à esq,) e Fruet se encontram por apenas 10 minutos na prefeitura - Rafael Moro Martins/UOL
Greca (à esq,) e Fruet se encontram por apenas 10 minutos na prefeitura Imagem: Rafael Moro Martins/UOL

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

03/11/2016 12h28

Num encontro rápido (apenas dez minutos) e formal, com falas comedidas e protocolares de parte a parte, Gustavo Fruet (PDT) e Rafael Greca (PMN), respectivamente atual e futuro prefeito de Curitiba, iniciaram nesta quinta-feira (3) o processo de transição das gestões municipais.

Fruet recebeu Greca em seu gabinete, no Palácio 29 de Março. Apresentou um resumo do que sua administração deixará para 2017. Ouviu de Greca pedidos para usar a biblioteca do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) --o futuro prefeito foi funcionário ali por 34 anos, mas passou a maior parte deles afastado para exercer cargos políticos-- e para que a transmissão do cargo seja realizada no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem. Fruet concordou com ambos os pedidos.

Greca pediu também para que não seja realizada a licitação para o serviço de coleta e destinação do lixo produzido em Curitiba. "Isso não se faz no apagar dar luzes", disse.

Ouviu de Fruet que ela não será concluída em 2016, mas que o contrato atual termina em abril próximo e, "com a Lei de Responsabilidade Fiscal não há medida alternativa", não é possível fazer termo aditivo a ele.

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Foi uma menção à maior crítica que o atual prefeito usou na campanha contra Greca: ex-prefeito entre 1993 e 96, ele administrou a cidade antes do surgimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A maior farpa de Fruet, porém, ficou reservada para o final do encontro, quando ambos já estavam de pé e posavam, de mãos apertadas, para fotógrafos --repetiriam a pose, a pedido, mais duas vezes. "Não vou deixar nenhuma surpresa, nenhuma bomba-relógio, como recebi", disse o pedetista.

Ele reclamou, dois meses após tomar posse, em 2013, de uma divida de R$ 446 milhões em restos a pagar deixados pelo antecessor, Luciano Ducci (PSB), dos quais apenas R$ 174 milhões haviam sido empenhados --ou seja, havia recursos previstos para o pagamento. Ducci, afilhado político do governador Beto Richa (PSDB), apoiou Greca. O futuro prefeito não disse nada.

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Adversários no primeiro turno, os dois trocaram acusações durante a campanha. Fruet acusou Greca de se apropriar de obras de arte que pertencem ao acervo municipal. "Essa acusação foi uma perfídia, e Fruet pagou por ela com a derrota", rebateu o agora prefeito eleito, em entrevista ao UOL.

Da prefeitura, Greca iria ao Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado, para almoçar com Beto Richa. Tratariam da volta do subsídio estadual ao transporte público municipal, anunciado pelo governador um dia após o segundo turno. "Começo a trabalhar na reintegração do transporte [municipal e metropolitano] hoje", falou.

Após a saída do sucessor, Fruet disparou contra Richa. "Estou profundamente indignado [com a notícia da volta do subsídio ao transporte]. Ele demonstra abuso de poder, é a vitória da dissimulação, do cinismo, da vingança, da falta de maturidade para o exercício democrático", falou.

Em entrevista concedida ao lado de Rafael Greca, Richa rebateu Fruet. "Posso entender [as declarações do prefeito] como ressentimento por ter sido derrotado fragorosamente nessa eleição. Ele deve explicações ao povo de Curitiba dessa pífia administração da cidade. Tudo o que era possível nós fizemos. Não sei do que ele está reclamando."

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