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Lava Jato condena ex-tesoureiro do PP, réu no mensalão, a quase 9 anos de prisão

Genu foi preso em maio na 29ª fase da Operação Lava Jato - Geraldo Bubniak - 24.mai.2016/AGB/Estadão Conteúdo
Genu foi preso em maio na 29ª fase da Operação Lava Jato Imagem: Geraldo Bubniak - 24.mai.2016/AGB/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo*

02/12/2016 19h19

O ex-assessor parlamentar e ex-tesoureiro do PP João Claudio Genú foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato em primeira instância, a oito anos e oito meses de prisão pelos crimes de formação de organização criminosa e corrupção passiva. A defesa vai recorrer da sentença.

Por outro lado, Genú foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro. Segundo informações divulgadas pela defesa, a sentença de Moro também determina a liberação dos bens da mulher dele, Cláudia Genú.

Genú está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele foi detido em maio, na 29ª fase da Lava Jato, em Brasília, com base em um mandado de prisão preventiva (sem prazo).  

As investigações da Lava Jato apontaram Genú como um dos beneficiários e articuladores do esquema de desvio de recursos da Petrobras, recebendo um porcentual fixo da propina destinada ao PP.

'Deboche à Justiça'

Antes, Genú foi investigado e julgado por envolvimento no mensalão. Com a prescrição do crime de corrupção passiva e a absolvição, no STF (Supremo Tribunal Federal), do crime de lavagem de dinheiro, ele se livrou de todas as acusações que recebeu naquele processo.

No entanto, segundo a Polícia Federal, Genú continuou praticando os mesmos crimes pelos quais era responsabilizado durante o julgamento do mensalão.

"Mesmo tendo sido responsabilizado [no julgamento do mensalão], mesmo durante essa fase que ele estava sendo condenado pela maior Corte do Brasil, como um verdadeiro deboche à Justiça, ele [Genú] continuava praticando os mesmos crimes e recebendo propina até o ano de 2013", afirmou, na época da prisão, o delegado da PF Luciano Alves de Lima. "Comprovadamente, pelo menos de 2005 a 2013, esse cidadão vinha recebendo propina."

Na investigação do mensalão, Genú foi acusado de sacar cerca de R$ 1,1 milhão de propinas em espécie das contas da empresa SMP&B Comunicação, controlada por Marcos Valério, condenado por ser o operador do esquema.

"No mensalão, Genú foi condenado porque sacou R$ 1 milhão. Na Lava Jato, temos mais de R$ 7 milhões em pagamentos de propina para ele, que assessorava um dos principais criadores desse esquema, que foi o deputado Janene", disse o delegado.

Genú foi assessor do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. Janene foi apontado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, delatores da operação Lava Jato, como um dos políticos que atuaram no esquema de pagamento de propina envolvendo a estatal.

O ex-parlamentar também foi denunciado por participação no esquema do mensalão, mas morreu antes de ser julgado.

 *Com Estadão Conteúdo