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Prefeita de Ribeirão Preto (SP) tentou impedir investigações, diz MP

Dárcy Vera deixa a sede da PF em Ribeirão após ser presa - Joel Silva/ Folhapress
Dárcy Vera deixa a sede da PF em Ribeirão após ser presa Imagem: Joel Silva/ Folhapress

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

02/12/2016 11h41

A prefeita de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), Dárcy Vera (PSD), presa na manha desta sexta-feira (2), participou ativamente do esquema de corrupção e atuou para impedir as investigações, segundo informações divulgadas pela Polícia Federal e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), instituição ligada ao MP (Ministério Público), em entrevista coletiva.

Também foram presos Sandro Rovani e Maria Zuely Alves Librandi, ex-advogados do Sindicato dos Servidores Municipais, e o ex-secretário da Casa Civil Marco Antônio dos Santos, considerado um dos cabeças do esquema, ainda conforme a PF.

A operação de hoje, que foi batizada de Mamãe Noel, é a segunda fase da Operação Sevandija, que investiga um esquema de corrupção que desviou ao menos R$ 203 milhões dos cofres públicos.

De acordo com a PF, a irregularidade que levou às prisões ocorreu por conta de um acordo de R$ 800 milhões a serem pagos a servidores da prefeitura devido a perdas decorrentes do Plano Collor.

O acordo não previa o pagamento de honorários advocatícios, mas Dárcy decidiu fazer o pagamento. Para conseguir a mudança, os envolvidos falsificaram documentos públicos e conseguiram a autorização da Justiça, segundo o MP.

"Esse grupo falsificou uma ata da assembleia dos servidores para conseguir que a Justiça permitisse o pagamento da verba advocatícia", informou o promotor Gabriel Vidal.

No total, Librandi receberia cerca de R$ 70 milhões. A decisão foi tomada, segundo a PF e o MP, depois que Dárcy, Zuely, Santos e Rovani entraram em acordo e dividiram os recursos entre eles. Havia ciência e colaboração do Sindicato dos Servidores, sempre segundo as investigações.

A prefeita é suspeita de receber ao menos R$ 5 milhões em propina do esquema, segundo a PF. Dárcy foi reeleita em 2012 e seu atual mandato termina este ano.

Segundo o promotor Leonardo Romanelli, as quatro pessoas presas hoje continuaram a receber propina mesmo depois que a investigação se tornou pública.

"Eles tinham saldo de propina a receber e falaram sobre isso. Há fortes indícios de que os quatro tonaram medidas para impedir o acesso da Justiça aos recursos oriundos de corrupção", disse.

Segundo a PF, são apurados crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção passiva e ativa.

Dárcy é levada para São Paulo

Os quatro foram levados à sede da PF. Por volta das 10h, Dárcy deixou a cidade em direção a São Paulo. Ela ficará na capital paulista já que o processo contra corre no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) por ela ter foro privilegiado. No momento da saída da prefeita em um carro da PF, alguns cidadãos aplaudiram e outros a xingaram.

A reportagem ligou nos celulares de Claudia Seixas, que defende Dárcy, mas ela não atendeu às ligações ou retornou o contato. 

O advogado de Rovani, Júlio Mossin, disse que o seu cliente não poderia ser preso, devido a uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que garantiria a sua liberdade. Rovani também foi preso na primeira etapa da Operação Sevandija.

A reportagem procurou o advogado Luiz Bento, responsável pela defesa de Zuely, mas ele não foi encontrado, em seu escritório e através do seu celular, para comentar o caso. Já Flaviano de Oliveira Santos, que defende Marco Antonio, não foi localizado.

Em setembro, Justiça tornou 31 reús na Sevandija

Band News