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Marchezan assume e diz que há "grande risco" de atrasar salários já em janeiro

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

01/01/2017 18h16

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), disse neste domingo (1º), logo depois de sua posse na Câmara de Vereadores, que a chance de os salários do funcionalismo municipal atrasarem já no mês de janeiro é "muito grande", devido à situação financeira da administração municipal. Marchezan também afirmou que fará “tudo o que for necessário” para manter os serviços essenciais da cidade.

“Vamos fazer uma análise [financeira] nos primeiros dias e semanas. Mas, pelas antecipações [de receitas] e despesas geradas pela antiga administração, há um grande risco de atrasar salários”, afirmou. Segundo Marchezan, serão necessários mais alguns dias para que a gestão do tucano apresente à sociedade as contas e as pendências do ano passado na prefeitura. “Vamos apresentar também nosso menu de soluções, que não serão soluções fáceis, mas reais e que tragam fôlego. Vamos fazer tudo o que for necessário para não interromper serviços essenciais”, disse o prefeito, que deve editar, ainda esta semana, um decreto com uma espécie de moratória nas contas públicas, especialmente junto a fornecedores.

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Nelson Marchezan Junior (PSDB) toma posse como prefeito de Porto Alegre
Imagem: ITAMAR AGUIAR/AGÊNCIA FREE LANCER/ESTADÃO CONTEÚDO

No discurso de posse na Câmara, o prefeito empossado também afirmou que irá "arrancar" da administração pública tudo aquilo que não gerou frutos. A declaração foi interpretada como uma referência indireta às empresas públicas que podem ser privatizadas, entre elas a Companhias Carris, de transporte coletivo, e a Empresa Pública de Transporte e Circulação.

“A realidade da vida das pessoas está pior. Mas a consciência está maior. Uma boa parte da sociedade não aceita mais discursos vazios, de uma certa racionalidade. Não é possível que nós continuemos discutindo ideologias, discutindo aquilo que durante muito tempo não gerou frutos. Na prefeitura, posso me comprometer: tudo aquilo que foi plantado e que não gerou frutos durante anos será arrancado”, disse.

Marchezan tomou posse por volta de 17h – um atraso de duas horas em relação ao programa oficial. Num discurso improvisado, o prefeito também voltou a atacar os sindicatos e as corporações e afirmou que vai priorizar o interesse público. “Nem sempre o interesse partidário, sindical ou das corporações, o interesse da imprensa, dos empresários, está ligado ao interesse público. Esse é o grande desafio. Buscar onde está, acima de tudo isso, o interesse público”, discursou.

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Fernanda Melchiona (PSOL) foi vaiada por mostrar a faixa "Fora Sartori"
Imagem: Flávio Ilha/UOL

Também fez críticas à situação política e econômica do país e voltou a afirmar que a situação financeira de Porto Alegre é grave, mas que a crise “é uma grande oportunidade de mudar para melhor” a vida das pessoas. “O mundo mudou, o eleitor está mais maduro, mas por motivos tristes. A dor da incompetência da gestão dos recursos públicos deixou a economia de joelhos. E o patamar de desemprego chegou a um nível inédito, nos levando à uma crise de valores jamais vista”, criticou.

Além do decreto de contenção de gastos, Marchezan também fez um apelo aos parlamentares para que aprovem as medidas de reestruturação da máquina administrativa, que reduz as secretarias das atuais 37 para 15. O pedido de convocação foi apresentado na sexta-feira (30) à Câmara de Vereadores.

A principal alteração é a extinção da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que existe há 40 anos, e a transferência das atribuições de licenciamento para a nova Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que surgira da fusão das secretarias de Indústria e Comércio e Turismo. As questões ambientais passam, se a reforma for aprovada pela Câmara, para a Secretaria de Sustentabilidade. A Smam foi a primeira estrutura ambiental independente a ser criada em uma cidade brasileira.

O prefeito assumiu com apenas 10 secretários municipais já escolhidos – outros cinco deverão ser anunciados até o final da semana.

Durante a posse dos 36 parlamentares, as vereadoras Fernanda Melchiona (PSOL), mais votada em Porto Alegre, e Sofia Cavedon (PT) foram vaiadas por parte do público que assistia à cerimônia por mostrarem cartazes com inscrições "fora, Temer" e "fora, Sartori". 

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