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Defesa nega que ex-diretor da Petrobras tenha mentido à Lava Jato

5.mai.2015 - Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: 5.mai.2015 - Pedro Ladeira/Folhapress

Nathan Lopes e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

17/02/2017 13h35Atualizada em 17/02/2017 14h33

O advogado do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, João Mestieri, negou que o executivo tenha mentido à Operação Lava Jato, como afirmou o MPF (Ministério Público Federal) ao pedir para que o acordo de delação dele seja suspenso pelo juiz Sérgio Moro. Em nota, Mestieri disse que, após tomar ciência do pedido da procuradoria, foi a Curitiba explicar que não houve “discrepância ou desmentidos”.

Em documento de 7 de fevereiro, o MPF (Ministério Público Federal) disse que Costa, suas filhas e seu genro "faltaram com a verdade por diversas vezes" durante interrogatório judicial, "em evidente descumprimento dos deveres impostos pelos acordos de colaboração premiada".

Segundo Mestieri, o pedido do Ministério Público refere-se “apenas a uma ação penal, de menor importância, envolvendo os familiares de Paulo Roberto Costa”.

“Acertou-se a apresentação à Procuradoria de um quadro onde se demonstra a coerência dos depoimentos, todos convergindo para a absoluta afirmação e reafirmação de todos os pontos constantes da colaboração premiada, de todos os familiares”, informou o advogado.

A defesa entregará as informações aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato na próxima quarta-feira (22).

A procuradoria não quis comentar as declarações do advogado de Costa. "A manifestação do MPF referente ao assunto consta da petição protocolada no processo que tramita junto à 13ª Vara Federal em Curitiba".

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Documentos escondidos

De acordo com o MPF, Paulo Roberto Costa agiu para obstruir informações da Justiça. Segundo o relato, as filhas de Costa atuaram para retirar documentos do local e ocultá-los antes de os policiais federais terem acesso a eles. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no escritório de Paulo Roberto Costa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no dia 17 de março de 2014.

Os agentes teriam ido ao escritório, mas não conseguiram entrar em um primeiro momento, porque estavam sem as chaves, que estariam na casa do ex-diretor da Petrobras. A ocultação dos documentos teria acontecido no momento em que os policiais federais se dirigiram à residência de Costa e voltaram ao escritório.

Toda a movimentação foi testemunhada por um chefe de segurança e registrada pelas câmeras de segurança do prédio. As imagens gravadas demonstram que os denunciados subiram e desceram o elevador por diversas vezes, com sacolas.

Dentre as contradições apontadas na petição do MPF, está a divergência entre as versões de Costa e de sua filha Arianna Bachmann sobre o que foi retirado do escritório. O pai afirmou ter pedido que ela pegasse duas planilhas, além das quantias de US$ 10 mil e R$ 100 mil. Já Arianna contou que seu pai havia requisitado apenas os valores em espécie, que totalizavam R$ 50 mil e US$ 10 mil.

O MPF reforçou ainda que não há impedimentos para que acordos de delações firmados voltem a ser analisados pelo MPF. "Se for constatado que houve omissão em outras delações, os delatores podem vir a sofrer o mesmo processo", acrescentou.

Primeiro a delatar

Paulo Roberto Costa foi o primeiro executivo da Petrobras a firmar um acordo de delação premiada, em 2014. Foi responsável por denunciar 28 políticos, entre deputados e senadores.

Além de multa de R$ 5 milhões, ele também teve que devolver US$ 25,8 milhões que mantinha na Suíça e em Cayman e a Range Rover avaliada em R$ 300 mil que ganhou de presente do doleiro Alberto Youssef.

Ao todo, são 26 cláusulas no acordo de colaboração do ex-diretor, que abrange o bloqueio e devolução de todos os valores mantidos em contas de 11 offshores por ele controladas. Ele reconheceu que os ativos dessas offshores são "todos, integralmente, produto de atividade criminosa".

Costa também aceitou entregar, a título de compensação de danos, bens que reconhece serem "produto ou proveito de atividade criminosa ou seu equivalente em termos de valor". Entre eles, estão a lancha Costa Azul, em nome da empresa Sunset, avaliada em R$ 1,1 milhão; um terreno adquirido pela Sunset, em Mangaratiba (RJ), avaliado em R$ 202 mil; valores apreendidos em sua residência quando da busca e apreensão (R$ 762.250,00, US$ 181.495,00 e 10.850 euros; e um veiculo Ranger Evoque, presente do doleiro Alberto Youssef, avaliada em R$ 300 mil.
 

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