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Aliados querem Lula na rua para viabilizar candidatura em 2018

Réu em cinco processos, Lula lidera a última pesquisa eleitoral - Divulgação/Ricardo Stuckert
Réu em cinco processos, Lula lidera a última pesquisa eleitoral Imagem: Divulgação/Ricardo Stuckert

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Monteiro (PB)

20/03/2017 04h00

A idolatria dos sertanejos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o ato de "inauguração popular" do eixo leste da transposição do rio São Francisco, neste domingo (19), em Monteiro (PB), serviu como um combustível a mais para aliados que defendem que o petista bote mais o bloco na rua e assim antecipe o debate presidencial de 2018.

Em discurso ao público, Lula disse que 2018 "ainda está longe", mas fez questão de "pedir" para que não o tirem da disputa. Já a ex-presidente Dilma Rousseff disse que querem dar um "segundo golpe" ao tentar impedir a candidatura de Lula

Réu em cinco processos, Lula lidera a última pesquisa eleitoral para primeiro turno em todos os cenários simulados, mas pode ter a candidatura impedida pela Lei da Ficha Limpa se for condenado em segunda instância. O petista também aparece em delações da Odebrecht, mas o conteúdo ainda não foi divulgado.

Lula ainda pode ser barrado pelo entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) de que réus não podem assumir a Presidência. A estratégia do PT é conquistar o máximo de apoio nas ruas para tentar pressionar o judiciário e garantir a candidatura lulista em 2018.

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O líder da minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirmou, após o evento em Monteiro, que a ideia do partido é que Lula passe a andar ainda mais pelo país. Para ele, o momento político do país pede isso.

"Naturalmente que é cedo para 2018, não é hora de definir candidatura. Mas dada a situação que o nosso país está vivendo, o sofrimento do nosso povo e o comparativo do péssimo governo com os governos de Lula e de Dilma, essa coisa termina se antecipando sem que a gente queira", disse.

Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), 2018 começou desde o impeachment de Dilma. "Eles adiantaram quando eles fizeram o golpe", afirmou.

"No discurso, Lula disse que é cedo para 2018 pela parte dele. Mas nossa prioridade é restabelecer a democracia no Brasil. Ou a gente antecipa ou a gente vai trabalhar para tirar esses golpistas", afirmou.

Para ela, a mobilização imediata é a única saída para evitar um possível impedimento de Lula de ser candidato. "Hoje estou chegando à conclusão que a ideia não é mais prender o Lula. Não há razão. Se a gente for olhar os processos do Lula, são risíveis. Mas eles vão tentar o deixar inelegível. Por isso a gente tem de estar muito na rua, mobilizado, e não permitir essa barbaridade", declarou.

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) diz acreditar que a ida de Lula às ruas, e o apoio recebido por ele, é crucial para mantê-lo na disputa, mesmo diante dos imbróglios judiciais.

lula em monteiro - Beto Macário/UOL - Beto Macário/UOL
Multidão acompanhou Lula na "inauguração popular" da transposição do São Francisco
Imagem: Beto Macário/UOL

"É muito bom quando o povo reconhece e chama Lula e Dilma para uma inauguração popular, como essa aqui. Com esse movimento de hoje, está difícil de impedir ele de ser candidato, hein. Se for dar mais um golpe em Lula, vai dar um golpe no povo brasileiro. Lula estava levando pau desde o primeiro mandato, então é impressionante ver essa massa junto com ele. Isso é muito importante para nós", afirmou.

O senador José Pimentel (PT-CE) também entende que a presença de Lula e Dilma nas ruas é decisiva e defende união das esquerdas. "Precisamos ter muita mobilização social, muita resistência para impedir o desmonte do bem-estar social que Lula e Dilma construíram. Nós nunca deixamos as ruas, vamos continuar", pontuou.

Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) diz que as viagens de Lula pelo país deve também ter o olho caso haja uma eleição antes de 2018 --no caso da chapa Dilma-Michel Temer ser casada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Para ele, viajar o país agora é decisivo.

"Acho que a questão não é 2018, é que esse governo não se sustenta em 2017. Pode ter Eduardo Cunha denunciando, tem a crise econômica, e a gente vai andar com Lula espalhando esperança e mostrando que esse país tem que crescer", disse.