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Os que se dizem fortes destruíram o país, diz Temer rebatendo Dilma

Presidente Michel Temer em entrevista a Roberto D"Ávila - Reprodução/GloboNews
Presidente Michel Temer em entrevista a Roberto D'Ávila Imagem: Reprodução/GloboNews

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 01h39

De forma indireta, em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila exibida pela GloboNews na noite desta quarta-feira (22), o presidente Michel Temer acusou seus antecessores na Presidência de terem “destruído o país”. A fala serviu como uma espécie de resposta à ex-presidente Dilma Rousseff que, seis dias antes, declarou ao jornal “Valor Econômico” que Temer era um homem “frágil”, “fraco” e “medroso”.

“Se eu for fraco e consegui fazer o que fiz pelo país, eu prefiro ser fraco do que ser forte. Porque, os que se dizem fortes, destruíram o país”, disse o presidente.

Ele afirmou que as "pessoas acabam confundindo educação cívica e pessoal” com fraqueza. “Eu não vou mudar meu jeito, não. Sempre deu certo assim, vou continuar assim.”

Na entrevista ao jornal, questionada sobre atitudes do presidente e sua relação com o advogado José Yunes - que havia acabado de revelar ter recebido um "pacote" da empreiteira Odebrecht a pedido do ministro Eliseu Padilha -, Dilma disse que não adiantava "toda a mídia falar que ele é habilidoso. Temer é um cara frágil. Extremamente frágil. Fraco. Medroso. Completamente medroso".

Lula na retaguarda

A alfinetada ocorreu pouco depois de Temer dizer que, “num dado momento”, vai verificar a disponibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ajudá-lo em sua gestão, conforme sugerido pelo próprio político petista em conversa durante visita de condolências que recebeu do presidente por ocasião da morte de dona Marisa Letícia.

Conforme revelado pelo colunista do UOL Josias de Souza, Lula agradeceu a solidariedade, deu conselhos a Temer e se ofereceu para colaborar. “Michel, quando quiser conversar comigo, me chame. Não posso é ficar me oferecendo”, teria dito.

Reforma da Previdência

Ao falar para D'ávila, Michel Temer disse ser um "exemplo claro de como a precocidade é prejudicial para a Previdência". O presidente disse que se aposentou aos 55 anos cumprindo todos os requisitos necessários, justificando que, à época, a expectativa de vida era menor. E que, mesmo assim, passados 20 anos, ainda está trabalhando. 

Operação Carne Fraca

Temer disse ver com “certa tristeza cívica” a polêmica em que está envolvida a operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal. Acredita que os danos causados ao país serão muito maiores do que poderiam ter sido não fosse o "espetáculo" injustificado na divulgação da operação, principalmente diante do número de frigoríficos investigados (21) -- o qual representaria uma "porção diminuta" dentre um universo de 4.838 plantas frigoríficas.

Quanto à possível ligação do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, com o fiscal agropecuário investigado Daniel Gonçalves Filho, revelada por meio de conversa telefônica na qual ele, à época deputado federal, chama o servidor de “grande chefe”, Temer minimizou o caso dizendo ser uma mera conversa relacionada a uma situação específica do Estado do Paraná e que “cada um usa a expressão que achar que deva usar”.

Terceirização

Como a entrevista foi gravada antes da aprovação no plenário da Câmara dos Deputados, no começo da noite desta quarta, da regulamentação da terceirização no país, a polêmica acabou ficando de fora dos assuntos tratados. A medida libera a terceirização para ser usada em qualquer ramo de atividade das empresas privadas e de parte do setor público.