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Temer diz não ver com simpatia proposta de voto em lista fechada

Presidente Michel Temer em entrevista a Roberto D"Ávila - Reprodução/GloboNews
Presidente Michel Temer em entrevista a Roberto D'Ávila Imagem: Reprodução/GloboNews

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 01h02

O presidente Michel Temer disse não ver com simpatia a mudança eleitoral para voto em lista fechada, a qual vem sendo pretendida pelo Congresso e representantes do Judiciário (o ministro do STF Dias Toffoli é um deles) como item de uma reforma política. “Eu não tenho tanta simpatia pela lista fechada [...]. Não quero ingressar nas questões do Congresso Nacional, mas, se eu pudesse dizer, eu diria que a melhor fórmula é o voto majoritário”, afirmou em entrevista ao jornalista Roberto D'ávila, da GloboNews, que foi ao ar na noite desta quarta-feira (22).

“Na verdade, não há mais financiamento público de campanha. Então, quando as pessoas pensam na lista, é preciso dinheiro público, e ele só pode estar conectado, se juntar, à ideia de uma lista de candidatos. Portanto, o dinheiro vai para o partido. Mas eu senti que há muita resistência a isso", complementou.

A adoção de um sistema eleitoral de lista fechada e de um fundo público eleitoral é vista como uma reação ao avanço da operação Lava Jato, porque poderia manter no poder, por conta do foro privilegiado, políticos na mira da operação. O assunto já esteve na pauta de manifestações de rua favoráveis à operação da Polícia Federal.

Encabeçada pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), a discussão prevê que o eleitor passe a votar no partido, cuja cúpula definirá uma lista dos candidatos que serão eleitos. A sigla que tiver mais votos conseguirá o maior número de cadeiras, que serão ocupadas pelos primeiros da lista. Hoje, o eleitor vota diretamente no candidato.

Para valer nas eleições de 2018, as novas regras teriam que ser aprovadas no Congresso até setembro.

Reforma da Previdência

Ao falar para D'ávila, Michel Temer disse ser um "exemplo claro de como a precocidade é prejudicial para a Previdência". O presidente disse que se aposentou aos 55 anos cumprindo todos os requisitos necessários, justificando que, à época, a expectativa de vida era menor. E que, mesmo assim, passados 20 anos, ainda está trabalhando.

Operação Carne Fraca

Temer disse ver com “certa tristeza cívica” a polêmica em que está envolvida a operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal. Acredita que os danos causados ao país serão muito maiores do que poderiam ter sido não fosse o "espetáculo" injustificado na divulgação da operação, principalmente diante do número de frigoríficos investigados (21) -- o qual representaria uma "porção diminuta" dentre um universo de 4.838 plantas frigoríficas.

Quanto à possível ligação do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, com o fiscal agropecuário investigado Daniel Gonçalves Filho, revelada por meio de conversa telefônica na qual ele, à época deputado federal, chama o servidor de “grande chefe”, Temer minimizou o caso dizendo ser uma mera conversa relacionada a uma situação específica do Estado do Paraná e que “cada um usa a expressão que achar que deva usar”.

Alfinetada em Dilma e Lula

Ainda na entrevista, Temer acusou seus antecessores na Presidência de terem “destruído o país”. A fala serviu como uma espécie de resposta à ex-presidente Dilma Rousseff que, seis dias antes, declarou ao jornal “Valor Econômico” que Temer era um homem “frágil”, “fraco” e “medroso”.

“Se eu for fraco e consegui fazer o que fiz pelo país, eu prefiro ser fraco do que ser forte. Porque, os que se dizem fortes, destruíram o país”, disse o presidente.

Terceirização

Como a entrevista foi gravada antes da aprovação no plenário da Câmara dos Deputados, no começo da noite desta quarta, da regulamentação da terceirização no país, a polêmica acabou ficando de fora dos assuntos tratados. A medida libera a terceirização para ser usada em qualquer ramo de atividade das empresas privadas e de parte do setor público.