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Para aliado de Cunha, condenação traz preocupação: "cadê os caciques?"

O então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Carlos Marun (PMDB-MS), seu aliado, ao microfone - Agência Câmara
O então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Carlos Marun (PMDB-MS), seu aliado, ao microfone Imagem: Agência Câmara

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

30/03/2017 16h27Atualizada em 30/03/2017 18h01

Um dos parlamentares mais próximos ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), condenado nesta quinta-feira (30) a 15 anos e 4 meses de prisão pelo juiz Sergio Moro no âmbito da Operação Lava Jato, o deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) declarou que a sentença “traz uma preocupação” e chamou o aliado de “índio” ao reclamar que os “caciques do petrolão” ainda não foram presos.

Inicialmente, Marun, que é presidente da comissão especial da reforma da Previdência na Câmara e comandava audiência com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na tarde desta quinta, disse não ter acompanhado o processo e que a única coisa que sabia sobre a condenação era o resultado. “Não li o processo, não li a sentença, então não tenho o que dizer a respeito desse assunto”, afirmou.

Com a insistência de jornalistas, o peemedebista lembrou do último encontro com o ex-deputado –cassado em setembro do ano passado. “A última vez que falei com o Eduardo foi no dia 30 de dezembro [do ano passado]. De lá para cá não tive contato direto ou indireto com ele. Na conversa, o vi muito inconformado com a prisão preventiva. Ele entendia que existiam fatores que o autorizam a responder o processo em liberdade”, relatou.

Em seguida, Marun respondeu que tipo de sinalização essa condenação poderia passar para o Congresso Nacional. “De que efetivamente as investigações estão avançando, de que a [operação] Lava Jato segue célere o seu trabalho”. Foi aí que o deputado começou uma defesa velada de Cunha.

“Mas ao mesmo tempo traz uma preocupação. Cadê o cacique? Tem índio preso e até condenado. Mas o petrolão tem caciques. E os caciques eu ainda não vi nem sequer serem efetivamente processados”, declarou.

Ao ser questionado sobre quem seriam esses caciques, ele disse que “quem acompanhou esse processo tem condições de avaliar quem são os chefes do petrolão e quem são figuras acessórias, mesmo que tenham culpa”.

O deputado disse ainda que não sabe “se o certo é começar prendendo os índios”.

Acho que para impedir que o atentado ao país que foi esse escândalo de corrupção do petrolão deixasse um má imagem final para todos, cacique também deveria ser preso”.

Carlos Marun, deputado (PMDB-MS)

E deixou mais claro o alvo de suas declarações, mesmo sem colocar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já foi citado por procuradores da Lava Jato como o chefe do esquema que ficou conhecido como petrolão. “Até agora estou vendo índio na cadeia e cacique circulando pelo Brasil, pelo exterior, fazendo palestra, determinando situações e andando serelepes pra lá e pra cá. Todos que têm culpa têm que ser punidos”, concluiu.  

Cunha está preso desde 19 de outubro do ano passado no âmbito da Lava Jato e, atualmente, está no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Nesta quinta, ele foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Marun foi visitá-lo na prisão no ano passado.