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'Eu não vou rir nem vou chorar', diz Lula sobre delação da Odebrecht

Do UOL, em São Paulo

13/04/2017 11h32

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na manhã desta quinta-feira (13), que não vai “rir nem chorar” diante das acusações feitas contra ele por delatores da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato, tornadas públicas nesta quarta-feira (12). A afirmação foi feita durante uma entrevista para a Rádio Metrópole, de Salvador.

Lula ainda classificou as acusações contra ele como “inverossímeis” e “irreais”. "Eu até compreendo que o Marcelo [Odebrecht] está preso há dois anos, até compreendo que ele tem família fora, que ele deve estar comendo o pão que o diabo amassou, e talvez esteja tentando criar condições para sair da cadeia", disse o ex-presidente.

Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, Marcelo Odebrecht afirmou que a empreiteira "botou R$ 40 milhões que viriam para atender as demandas que viessem de Lula". Segundo o delator, o ex-presidente "nunca pediu" diretamente, já que as combinações teriam sido feitas através do ex-ministro Antonio Palocci. Odebrecht ainda afirmou que Lula teria pedido a contratação da empresa de seu sobrinho para a execução de obras realizadas pela empreiteira com financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Lula também é citado em delações de executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht feitas ao STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo os delatores, Lula teria se comprometido a melhorar as relações entre a Odebrecht e a ex-presidente Dilma Rousseff em troca de apoio da empreiteira a projetos de seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, e do pagamento de uma mesada a seu irmão mais velho, José Ferreira da Silva.

"A delação tem que ser provada. Não basta o cidadão falar alguma coisa, por mais a sério ou bobagem que seja. A pessoa tem que provar", ressaltou Lula.

Depoimento em Curitiba

Sobre seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, que está marcado para o dia 3 de maio, Lula disse que essa “é a grande oportunidade que eu tenho para ouvir as perguntas, as acusações de que sou vítima”.

"Eu estou muito tranquilo porque eu continuo desafiando qualquer empresário brasileiro. Vão dizer que ‘um dia o Lula pediu R$ 10 para ele [o empresário]’. E se alguém pediu dinheiro no meu nome, essa pessoa tem que ser presa, porque eu nunca autorizei ninguém a pedir dinheiro em meu nome”, disse.

Eleições de 2018

Além de afirmar que vai focar em se preparar para o depoimento, já que "a vida continua", Lula disse ainda que vai "continuar fazendo política". "O dia em que alguém provar um erro meu por 10 reais ilícitos na minha vida, eu paro com a política”, destacou.

Questionado sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência em 2018, o petista afirmou: “cada acusação dessa mexe com o meu brio, mexe com a minha honra, e eu me sinto muito mais à disposição para brigar. Eu não nasci para parar no meio do caminho”.