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Dilma diz que marqueteiros mentem para ganhar liberdade

Ueslei Marcelino/Reuters
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em São Paulo

24/04/2017 20h59Atualizada em 24/04/2017 21h12

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que os marqueteiros João Santana e Mônica Moura podem ter sido induzidos a “delatar fatos inexistentes”. Ambos afirmaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que Dilma sabia da existência do caixa dois em sua campanha de 2014.

Os dois depuseram nesta segunda-feira (24) na ação contra a chapa Dilma-Temer que tramita no TSE e foram ouvidos pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa.

“Tudo indica que o casal, por força da sua prisão por um longo período, tenha sido induzido a delatar fatos inexistentes, com o objetivo de ganhar sua liberdade e de atenuar as penas impostas por uma eventual condenação futura”, disse Dilma, por meio de nota.

João Santana e Mônica Moura tinham feito a mesma afirmação ao juiz federal Sérgio Moro em depoimento no âmbito da operação Lava Jato.

A ex-presidente afirmou que ambos “faltaram com a verdade” durante o depoimento a Herman Benjamin. “João Santana e Monica Moura faltaram com a verdade no depoimento colhido pelo ministro relator Herman Benjamin, fazendo afirmações desprovidas de qualquer fundamento ou prova”, disse.

Dilma negou ter negociado diretamente pagamentos durante suas campanhas eleitorais e disse que “sempre determinou expressamente a seus coordenadores de campanha que a legislação eleitoral fosse rigorosamente cumprida respeitada”.

A ex-presidente disse ainda que João Santana e Monica Moura foram “os profissionais de marketing mais bem pagos na história das eleições no Brasil”.

“As evidências demonstram que, pelos pagamentos declarados ao TSE pela campanha de Dilma Rousseff de 2014, João Santana e Monica Moura foram os profissionais de marketing mais bem pagos na história das eleições no Brasil, recebendo nada menos que R$ 70 milhões de reais”, diz no documento.

Por causa desse valor, a ex-presidente diz que “não havia e nunca houve qualquer razão ou motivo para que o casal recebesse nenhum centavo a mais pelos serviços prestados à campanha da reeleição, especialmente nos montantes pretendidos por Mônica Moura e muito menos por meio de pagamentos não contabilizados”.

Ela repudiou “o vazamento seletivo de trechos dos depoimentos”, afirmando haver a necessidade de rigorosa investigação pela Justiça Eleitoral, “como a sua defesa denunciara em outra oportunidade”.

O conteúdo do depoimento é sigiloso, mas foi divulgado em reportagem da "Folha de S. Paulo" nesta segunda-feira (24). Nele, Mônica Moura contou ao ministro do TSE que, em conversa no final de 2014, no Palácio do Alvorada, Dilma perguntou abertamente sobre a conta que havia no exterior, indicada para receber os valores por fora da campanha.

A mulher do marqueteiro contou que para essa reunião voltou às pressas de Nova York (EUA) após uma ligação do assessor Giles Azevedo, que trabalhava para a então presidente, pedindo uma reunião urgente.

Naquele momento, o casal havia recebido apenas a parte oficial, de R$ 70 milhões. Havia ainda dívida de R$ 35 milhões, que, pelo combinado, seriam pagos por caixa dois.