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Sindicatos estudam greve de dois dias e "invasão" de Brasília

O deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, participa de evento pelo Dia do Trabalho da Força Sindical, na zona norte de São Paulo - Leonardo Benassatto/Estadão Conteúdo
O deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, participa de evento pelo Dia do Trabalho da Força Sindical, na zona norte de São Paulo Imagem: Leonardo Benassatto/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia e Mirthyani Bezerra*

Do UOL, em São Paulo

01/05/2017 10h49Atualizada em 01/05/2017 16h13

As principais centrais sindicais do país estudam um formato de greve geral de dois dias, não mais de um --como realizado no último dia 28 e em 15 de março-- e uma espécie de "invasão de trabalhadores" à capital federal como forma de pressionar governo e parlamentares a não votarem a reforma da Previdência.

As propostas foram antecipadas nesta segunda (1º) no evento pelo Dia do Trabalho da Força Sindical, na zona norte de São Paulo, e reforçadas no ato da CUT, na avenida Paulista (centro), e pelo presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah. As centrais são as três maiores do país. Outras três associações de sindicatos também aderiram às propostas.

Os representantes das centrais sindicais afirmaram que farão uma reunião conjunta no próximo dia 4 para definir os próximos passos do movimento contra as reformas. O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que as entidades irão discutir se será feita uma “marcha dos 100 mil” até Brasília, uma nova greve ou as duas opções.

Um dos fundadores da Força, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, afirmou que a ideia é pressionar o governo e a base parlamentar do presidente Michel Temer (PMDB), da qual o próprio Paulinho é integrante, para mudar pontos da reforma considerados prejudiciais aos trabalhadores. Na greve da última sexta, trabalhadores de todas as centrais aderiram ao dia de paralisação nacional.

"Estamos conversando nesta semana sobre essa reunião de todas as centrais no próximo dia 8, data que acho muito longe. O que mais tem consenso entre nós é uma convocação dos trabalhadores para uma ida a Brasília, em uma espécie de invasão, próximo à votação da reforma da Previdência. Outra proposta que está sendo defendida é sobre detém dois dias, e não um, de greve geral", afirmou o deputado, que completou: "Tenho dúvidas sobre essa greve de dois dias, mas espero que o governo negocie e que a gente possa resolver isso sem barulho", definiu.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda (1º) revela que sete em cada dez brasileiros se afirmam contrários à reforma da Previdência --de modo que a rejeição chega a 83% entre os funcionários públicos. O segmento representa 6% da amostra e figura entre os grupos mais ameaçados pelas mudanças nas regras para aposentadorias e pensões.

Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta segunda, Temer afirmou que a reforma trabalhista aprovada na Câmara dos Deputados aumentará o número de empregos. "Estamos fazendo a modernização das leis trabalhistas e você terá inúmeras vantagens: primeiro, vamos criar mais empregos; segundo, todos os seus direitos trabalhistas estão assegurados", disse Temer.

Segundo Paulinho da Força, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria sinalizado uma "disposição de negociação" por parte do governo. "Espero que a partir de amanhã haja essa disposição", definiu.

Pressão no Senado

As centrais sindicais vão se reunir nesta terça (2) com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do partido no Senado, sobre as propostas de reforma trabalhista e da Previdência.

“Ontem falei com Renan e acertamos uma reunião amanhã em Brasília com a bancada do PMDB. O Senado já entendeu que essas reformas são um atentado e tem sinalizado que elas não vão passar”, afirmou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT (Central Única de Trabalhadores), durante ato de 1º de Maio da CUT, CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Intersindical e Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, na avenida Paulista, na região central de São Paulo.

Ato de 1º de Maio da CUT na avenida Paulista, em São Paulo - Alice Vergueiro/ Folhapress - Alice Vergueiro/ Folhapress
Ato de 1º de Maio da CUT na avenida Paulista, na região central de São Paulo
Imagem: Alice Vergueiro/ Folhapress

As mudanças na legislação trabalhista foram aprovadas pela Câmara dos deputados no dia 26 e agora tramitam no Senado. Renan Calheiros teceu críticas às reformas, classificando-a de “reformas de ouvidos moucos”, que só interessam “ao sistema financeiro, rejeitada em peso e de cabo a rabo pela população”. Temer estaria contrariado com a posição do senador e avalia articular a destituição de Renan da liderança do partido no Senado.

“Os senadores precisam entender que Temer não tem compromisso com popularidade. Ele tem prazo de validade no governo, porque ou nós vamos tirá-lo ou ele vai sair. Quem quiser continuar em Brasília, quem quiser voto em 2018, não vai ser eleito se votar por essas reformas”, disse Freitas.

O presidente da UGT, Ricardo Patah, afirmou que vai ao Senado na próxima quarta-feira (3) para tentar abrir um diálogo sobre mudanças na proposta de reforma trabalhista aprovada pela Câmara dos Deputados. O contato do sindicalista é o senador Otto Alencar (PSD-BA), do partido de Patah.

* Com colaboração de Wellington Ramalhoso, em São Paulo