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Gilmar diz que pressão da Lava Jato no STF é 'rabo abanando o cachorro'

"Se eles imaginam que vão constranger o Supremo, o Supremo deixava de ser Supremo", diz Mendes - André Dusek/Estadão Conteúdo
"Se eles imaginam que vão constranger o Supremo, o Supremo deixava de ser Supremo", diz Mendes Imagem: André Dusek/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

02/05/2017 14h39

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira (2) que a decisão dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato de apresentar hoje uma nova denúncia contra o ex-ministro José Dirceu não terá "nenhuma" influência sobre a Corte.

A nova acusação foi apresentada no mesmo dia em que a segunda turma do Supremo pode julgar um pedido de liberdade de Dirceu, que está preso em Curitiba desde 2015.

Ao apresentar a denúncia contra o ex-ministro, o procurador Deltan Dallagnol disse que a nova acusação vem em um momento "oportuno", quando se discute no STF a necessidade da prisão de Dirceu.

"Evidentemente, esta acusação já estava sendo amadurecida. É uma acusação que estava para ser oferecida e, em razão da análise de um habeas corpus, teve uma precipitação no objetivo de oferecer novos fatos ao STF", declarou Dallagnol.

Ao chegar ao Supremo na tarde de hoje, Mendes foi questionado por jornalistas sobre se a ação dos procuradores poderia pressionar os ministros da segunda turma. "É o rabo abanando o cachorro", disse. "Se eles imaginam que vão constranger o Supremo, o Supremo deixava de ser Supremo."

Dirceu foi condenado a penas que somam mais de 32 anos de prisão em outras duas denúncias no âmbito da Operação Lava Jato. Ele foi ministro-chefe da Casa Civil do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2005. O petista também cumpriu pena após se condenado pelo escândalo do mensalão.

Defesa de Dirceu questiona momento da denúncia

A defesa de Dirceu disse estranhar a ação da força-tarefa. "Isso me faz pensar que estão se utilizando do direito de denunciar para fazer valer sua vontade", disse o advogado Roberto Podval em nota ao UOL.

"Isso não é um jogo. O MPF [O Ministério Público Estadual] tem uma função importante demais para se permitir a tais atitudes. Assim, acabam perdendo a seriedade. Depois reclamam da lei de abuso de autoridade", disse Podval.

Ao saber da declaração da defesa de Dirceu, Dallagnol disse que "o MPF oferece uma denúncia de acordo com o momento que considerou mais oportuno".

"Ninguém teria a pretensão de influenciar o julgamento do STF. Cabe ao Supremo decidir se vai levar isso em consideração ou não. Consideramos como algo que pode ser relevante e estamos cumprindo apenas o nosso papel".

Ninguém teria a pretensão de influenciar o STF, diz procurador

UOL Notícias