Topo

Com público abaixo do esperado, atos pedem renúncia de Temer nas cinco regiões do país

Do UOL em São Paulo, Rio e Brasília

21/05/2017 20h12

Embora com protestos em todas as regiões do país, as manifestações convocadas para este domingo (21) pedindo a renúncia do presidente Michel Temer tiveram adesão abaixo da expectativa.

Os protestos aconteceram no domingo seguinte às conversas reveladas entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, e que permitiram ao STF abrir inquérito contra o peemedebista. No sábado, o presidente pediu a suspensão das investigações e a perícia nas gravações, o que será decidido pelo pleno da Corte na quarta-feira (24).

Na sexta-feira (19), o coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, havia estimado que seria "um dia de mobilização nacional, com mais de 1 milhão de pessoas nas ruas do Brasil". A soma das manifestações, no entanto, na melhor das avaliações, não chegou a 100 mil pessoas.

Houve atos em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Belém (PA), Campo Grande (MS), Manaus (AM), Salvador (BA), Recife (PE), São Luís (MA), Natal (RN), Fortaleza (CE), Aracaju (SE) e Cuiabá (MT).

Na capital paulista, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Salvador, os atos tiveram a presença de mais de mil pessoas, de acordo com os organizadores. Em São Paulo, 20 mil comparecem à avenida Paulista, mesmo sob chuva e aos eventos da Virada Cultural. Em Belo Horizonte, os organizadores falaram entre 30 mil (CUT) e 50 mil pessoas (Frente Brasil Popular); a polícia avaliou 1.200. Na capital pernambucana, a organização estimou em 5.000 pessoas no Marco Zero. No Ceará, o ato reuniu 15 mil na praia de Iracema. Em Salvador, a estimativa era de 10 mil no largo do Campo Grande.

Em São Paulo, os manifestantes se concentraram no Masp. O pico de presença aconteceu às 16h10, quando ocupou uma quadra da avenida Paulista, conforme observou a reportagem do UOL. O ato terminou por volta das 18h. Falaram o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, o vereador petista Eduardo Suplicy e o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, entre outros.

O Vem Pra Rua, grupo de direita que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, havia feito uma convocação também no Masp, mas retirou-a na sexta (19), alegando "motivos de segurança". O movimento nega recuo, prometendo uma nova data, ainda não marcada.

Na capital baiana, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", a manifestação começou por volta das 13h na Praça do Campo Grande, centro da cidade. Dali, o grupo seguiu em passeata pelo Corredor Vitória com destino ao Farol da Barra, na orla. Centrais sindicais e movimentos populares participam do protesto. "Temos projeto de eleições diretas, porque compreendemos que a crise, do jeito que ela se instalou no Brasil, precisa de participação popular, repactuação com o povo brasileiro em torno de um programa mínimo. É preciso que as ruas possam ajudar a definir esse campo", disse a senadora Lídice da Mata, do PSB, partido que deixou a base de Michel Temer após as revelações das conversas entre o presidente e um dos donos da JBS, Joesley Batista.

Em Minas Gerais, o encontro foi na praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Os participantes caminharam então até a praça Sete de Setembro. Segundo os organizadores, 50 mil pessoas estiveram na manifestação.

No Rio de Janeiro, o ato do Muspe (movimento dos servidores do Rio, que reúne policiais, bombeiros e outras categorias que estão sem salário) reuniu cerca de cem pessoas e um carro de som na avenida Atlântica, na altura do Copacabana Palace, em frente à praia. O protesto foi pacífico, apesar de um grande efetivo de policiais militares. Houve também em frente ao prédio do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Dirigente do movimento, Alzimar Andrade afirmou que o público reduzido pode estar relacionado com as cenas de violência que ocorreram no fim do protesto da última sexta-feira (19). "A Tropa de Choque sempre faz isso, talvez as pessoas tenham ficado com medo. E ainda tem o grupo de infiltrados que sempre age para 'zonear' os nossos atos. Mas isso não pode ser um impeditivo. Sem dúvida, as imagens da última sexta assustam. Mas a luta tem que ser na rua", afirmou ele.

Em Brasília, cerca de 250 pessoas se reuniram no Museu Nacional, também em clima pacífico --a Secretaria de Segurança Pública aguardava mil pessoas. Havia um carro de som no local, onde os participantes permaneceram sem fazer caminhadas (anteriormente, havia sido anunciado um deslocamento até o Congresso). 

Temer investigado

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) decidiu entrar com um pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados. Para a OAB, Temer cometeu crime de responsabilidade ao não comunicar autoridades competentes sobre a conversa que teve com o empresário Joesley Batista.

Outros nove pedidos já foram protocolados na Câmara. O presidente da Casa, Rodrigo Mais (DEM-RJ), aliado de Temer, vai decidir se aceita ou não os pedidos. Não há prazo para essa decisão.

A conversa entre Temer e Joesley foi gravada pelo próprio empresário e anexada à delação premiada do dono do grupo JBS, homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, autorizou a abertura de inquérito para investigar se Temer cometeu os crimes de corrupção passiva, obstrução de justiça e formação de organização criminosa. Temer pediu a suspensão do inquérito. O plenário do STF analisa a questão na quarta (24).

No encontro que aconteceu no Palácio do Jaburu, residência de Temer, Joesley falou sobre uma mesada paga ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e condenado na Lava Jato, e sobre a tentativa de interferir em investigações contra o grupo empresarial comandado por Joesley. O empresário fala em "segurar" dois juízes. Temer responde: "ótimo".

presidente diz que não cometeu crime e chamou o delator de "falastrão".