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Cabral é denunciado pela 9ª vez na Lava Jato

Reprodução de vídeo
Imagem: Reprodução de vídeo

Do UOL, no Rio

23/05/2017 16h11

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e mais nove pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal nesta terça-feira (23), acusados de receber cerca de R$ 39 milhões em propina da empreiteira Carioca Christiani-Nielsen em troca de fraudes em licitações de obras públicas, incluindo os contratos do Arco Metropolitano, do PAC Favelas e da Linha 4 do metrô. 

De acordo com a denúncia, as fraudes ocorreram em diversos contratos do Estado com a Carioca Engenharia realizados entre 2008 e 2014. Cabral, diz o MP, recebia uma “mesada” de até R$ 500 mil por mês da empreiteira.

Ao todo, Cabral é réu em oito processos no Rio e um em Curitiba. Além do ex-governador, também foram denunciados os ex-secretários Wilson Carlos e Hudson Braga, Ricardo Pernambuco, Carlos Miranda, Luiz Carlos Bezerra, Wagner Jordão e José Orlando Rabelo.

Segundo o MPF, a “mesada” foi acertada em reunião entre o então secretário de governo Wilson Carlos e diretores da empreiteira em um restaurante no Centro do Rio. No acordo inicial, foi decidido que o governador receberia R$ 200 mil por mês. Em contrapartida, a empreiteira teria a preferência nos contratos de obras que estavam prestes a serem contratadas com o Estado do Rio de Janeiro.

Em 2011, no segundo mandato de Cabral, o ex-secretário voltou a se reunir com os executivos da Carioca. Como o volume de contratos com a empreiteira havia aumentado muito, o valor da propina passou de R$ 200 mil para R$ 500 mil mensais.

“Os esquemas de cartelização mediante o pagamento de propinas iniciaram-se a partir do momento em que Cabral assumiu em 2007 o cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro. Em tais esquemas, foram englobadas praticamente todas as grandes obras públicas de construção civil realizadas pelo ente público, algumas delas custeadas com recursos federais”, afirma o MPF.

De acordo com o MPF, o esquema se dividia em quatro núcleos:

- O núcleo econômico, formado pelos executivos das empreiteiras contratadas pelo Estado, entre elas a Carioca Engenharia e a Andrade Gutierrez, que pagavam propina ao Estado;

- O núcleo administrativo – formado pelos gestores do Estado que administravam a cobrança e o recebimento das propinas;

- O núcleo financeiro operacional – que incluía as empresas, muitas de fachada, e escritórios de advocacia que ajudavam a repassar e ocultar os valores;

- E o núcleo político, ocupado, de acordo com o MPF “pelo líder da organização criminosa, o ex- governador Sérgio Cabral”.

O ex-governador está preso desde novembro. Essa ação é um desdobramento da Operação Calicute, braço da Lava Jato no Rio de Janeiro.

Ao UOL, o escritório Fragoso Advogados, que defende Cabral no processo, informou que o cliente só vai se manifestar quando estiver em Juízo. 

O ex-governador depõe nesta quarta-feira (24) pela primeira vez ao juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato. Ele vai falar sobre a cobrança de propina junto à empreiteira Andrade Gutierrez.