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Defesa pede ao STF para Temer depor somente após perícia em áudio

Felipe Rau/Estadão Conteúdo
Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

31/05/2017 11h27Atualizada em 31/05/2017 11h38

A defesa do presidente Michel Temer (PMDB) pediu nesta quarta-feira (31) ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin que o depoimento do presidente à Polícia Federal seja adiado até a conclusão da perícia no áudio da conversa gravada entre ele e o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS.

Caso Fachin não aceite adiar o depoimento, a defesa do presidente pede que o ministro do Supremo proíba a Polícia Federal de fazer perguntas sobre o conteúdo da conversa gravada.

O ministro, relator do inquérito contra Temer, ainda não emitiu decisão sobre os pedidos da defesa.

Nessa terça-feira (30), Fachin autorizou que a Polícia Federal tomasse o depoimento de Temer, por escrito, e deu prazo de 24 horas para que o presidente respondesse às perguntas, após receber as questões.

Temer passou a ser investigado após os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, fecharem acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República). Joesley gravou uma conversa com o presidente durante encontro no Palácio do Jaburu, em março, na qual Temer aparenta indicar o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) como interlocutor de Batista com o governo.

Ouça a íntegra da conversa entre Temer e Joesley

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Posteriormente, Loures foi flagrado numa operação da Polícia Federal recebendo R$ 500 mil de um executivo da JBS. A PGR suspeita que o dinheiro se trata de propina para que o governo atendesse interesses da JBS.

O ministro Edson Fachin determinou que o INC (Instituto Nacional de Criminalística), ligado à Polícia Federal, realize uma perícia na gravação e no aparelho usado para registrar a conversa.

Temer tem afirmado não ter cometido crimes e classificou a gravação feita por Joesley como “fraudulenta”.

Na petição apresentada ao STF, o advogado de Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, afirma que o conteúdo da conversa foi “adulterado” por Joesley.

“Além de insanáveis ilicitudes formais, que serão apontadas oportunamente, já se mostrou que o próprio conteúdo da prova arquitetada pelo citado empresário foi evidentemente adulterado”, diz trecho do documento.

A defesa do presidente também contratou uma perícia independente no áudio, realizada pelo perito Ricardo Molina, que diz ter identificado possíveis pontos de edição no áudio.

A Polícia Federal terminou de receber os gravadores usados por Joesley no dia 23, e deu prazo de 30 dias para concluir a perícia sobre a conversa de Temer com o empresário.

Joesley também gravou seus encontros com Rocha Loures e com o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). O empresário utilizou dois gravadores na operação. A Polícia Federal informou a Fachin que o prazo para periciar os áudios envolvendo Loures e Neves deve ser maior, de 60 dias.

Ontem, o ministro do STF também determinou que a investigação contra Temer corra num inquérito separado da apuração contra Aécio. Loures permanece investigado no mesmo inquérito de Temer.