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Ninguém vai nos impedir de continuar nossas políticas públicas, diz Temer

Ouça a íntegra da conversa entre Temer e Joesley

UOL Notícias

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

31/05/2017 12h07Atualizada em 31/05/2017 13h13

Em meio à crise política, o presidente da República, Michel Temer, declarou nesta quarta-feira (31) que “ninguém vai impedir” a continuidade das políticas públicas do governo.

"Eu quero dizer aos senhores e às senhoras que nós vamos continuar nessa trilha. Ninguém vai impedir que nós tenhamos o impedimento dessas políticas públicas que nós estamos levando a efeito'", afirmou.

No discurso, o presidente ressaltou as ações anunciadas pelo governo na área da agricultura familiar e voltou a dizer que o governo trabalha com a responsabilidade fiscal junto à social.

Para Temer, a liberação de R$ 30 bilhões para a agricultura familiar é uma maneira de incentivar tanto os produtores quanto os consumidores. Ao mesmo tempo, seria uma política para combater a falta de itens no mercado e a inflação. O presidente também aproveitou o evento para criticar quem acreditava que o governo ia cortar recursos do crédito rural.

“Há pouco tempo atrás, alguns diziam, erroneamente, que o governo vai cortar dinheiro do crédito rural, o dinheiro vai aumentar os juros. Os R$ 30 bilhões revelam que não estamos cortando. A queda da taxa Selic, dos juros e da inflação mostram que nada disso aconteceu. O fato é que superamos a crise econômica mais grave da nossa história sem mexer no volume do crédito ou nas taxas de juros do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar]", declarou.

A declaração foi dada durante cerimônia no Palácio do Planalto para lançar o Plano Safra da Agricultura Familiar. O evento foi o primeiro promovido na sede do Executivo desde o início da crise política.

No meio da fala, Michel Temer reforçou o pedido ao presidente do Senado para que a Casa vote o mais rapidamente possível a MP (Medida Provisória) que determina regras para a regularização de terras da União na chamada Amazônia Legal e para a regularização fundiária urbana. A medida, mais outras cinco, estão trancando a pauta do Senado. Se não forem apreciadas, perdem a validade nesta quinta (1º).

Segundo Eunício Oliveira, ela será votada em plenário amanhã. “É uma ótima notícia. Vai votar amanhã, merece aplausos, naturalmente”, respondeu Temer.

Apesar da ameaça de esfacelamento da base aliada desde a revelação do conteúdo da delação premiada de executivos da JBS, ministros e parlamentares compareceram à solenidade para apoiar o presidente. Também há uma tentativa por parte do governo de mostrar que não “está parado” diante das suspeitas que atingem o alto escalão.

Compareceram à cerimônia os ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Eliseu Padilha (Casa Civil), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Blairo Maggi (Agricultura), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e Ricardo Barros (Saúde) estão em São Paulo para evento com empresários e investidores internacionais, do qual Temer já participou nesta terça (30).

Em discurso, Eliseu Padilha ressaltou que o governo está compromissado em apoiar políticas públicas para a agricultura familiar e tem como meta entregar 460 mil títulos de reforma agrária até dezembro de 2018, dos quais metade até o final deste ano.

“Queremos sim a regularização fundiária regulamentada. Nossa meta é titular 230 mil assentados da reforma agrária somente em 2017. Mais do que o dobro na reforma agrária até hoje”, afirmou.

Padilha ainda defendeu o presidente Michel Temer ao dizer que este tem “vocação” para estar ao lado dos “pequenos”.

“Deve ficar muito clara a vocação do senhor para estar ao lado dos pequenos. A agricultura familiar é onde estão os pequenos.”

A fala de Padilha compõe uma iniciativa de levar a imagem do presidente Temer para fora dos escândalos políticos e aproximá-lo da maior parte da população. Ao mesmo tempo, a ordem no Planalto é que cada ministro divulgue as ações promovidas pelas pastas para descentralizar a imagem do governo.

Isso porque em pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada em 31 de março, o percentual de brasileiros que consideram o governo do presidente Michel Temer ruim ou péssimo é de 55%. O índice é a reprovação mais alta ao governo Temer da série do Ibope.

Ainda de acordo com o levantamento, 10% dos brasileiros consideram o governo Temer como ótimo ou bom, percentual com variação dentro da margem de erro da pesquisa.