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Temer estuda pedir prorrogação de prazo para respostas à Polícia Federal

Eraldo Peres/Associated Press
Imagem: Eraldo Peres/Associated Press

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

06/06/2017 11h40Atualizada em 06/06/2017 14h27

O presidente da República, Michel Temer, estuda pedir prorrogação no prazo para responder às 82 perguntas feitas pela Polícia Federal. Nesta segunda-feira (5), a Polícia Federal enviou a Temer as perguntas do depoimento que o presidente irá prestar por escrito no inquérito a que ele responde por suspeita de envolvimento nos crimes de corrupção, obstrução à justiça e organização criminosa.

A Polícia Federal entregou as perguntas às 16h30 aos advogados do presidente. Foram 82 questões, que não abordam apenas o áudio da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, mas outros fatos investigados no inquérito. O presidente poderá responder às perguntas por escrito, ou recorrer ao direito, concedido a todo investigado, de permanecer em silêncio.
 
Por enquanto, Temer tem até as 16h30 desta terça-feira (6) para devolver as respostas. No entanto, seus advogados e auxiliares estudam pedir uma prorrogação no prazo. Interlocutores do presidente argumentam que a quantidade de perguntas é excessiva e com muitos detalhes para descrever.
 
Temer chegou ao Palácio do Planalto por volta das 9h30 e se reuniu com auxiliares e ministros do chamado núcleo-duro, como Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil). O presidente também recebeu o presidente do Banco Central, Ilan Goldfjan, junto a assessores legislativos para tratar de medidas de interesse da instituição no Congresso Nacional.
 
A entrega das respostas também acontece no dia em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) começa o julgamento que pode cassar a chapa Dilma-Temer e os advogados estão focados na ação da Corte. Assim, afirmam, fica difícil responder a todos os questionamentos.
 

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Para assessores do Planalto, o envio das perguntas na véspera do julgamento e o prazo inicial de 24 horas, antes de a sessão no Tribunal, marcada para as 19h, ser iniciada, é uma forma de pressionar os ministros do TSE e reforçar detalhes que estão sendo investigados no inquérito. Outra crítica de auxiliares de Temer foi a forma como as perguntas foram disponibilizadas.
 
“[O presidente] não sabe se vai responder todas ou não e, inclusive, entregar no prazo. A Polícia Federal solta para todo mundo as perguntas feitas ao Temer. Como é que pode o vazamento?”, afirmou um assessor.
 
Nos últimos dias, assessores do presidente têm reforçado o discurso de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está em uma investida contra Temer à procura de uma justificativa para incriminá-lo em definitivo.
 
A divulgação nesta terça de eventuais gravações que envolvessem de alguma forma o presidente Michel Temer não foram descartadas por sua equipe, mas a prisão do ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi inesperada. Alves tinha livre trânsito pelo Planalto e era um político de confiança de Temer.
 
“É um processo que já vem correndo há um tempo. Por mais que não envolva o presidente diretamente, é mais um fator que prejudica em um dia como hoje”, falou um assessor.
 

Fachin havia negado pedido de defesa

Na última quarta-feira (31), Fachin negou pedido da defesa do presidente Michel Temer (PMDB) para que fosse adiado o depoimento por escrito do presidente à Polícia Federal até que fosse concluída a perícia no áudio da gravação entre Temer e o empresário Joesley Batista.
 
Na decisão, Fachin no entanto afirma que o presidente possui o direito constitucional de, como investigado num processo criminal, não responder às perguntas que lhe forem feitas.
 
A defesa de Temer também pedia que a Polícia Federal fosse proibida de fazer perguntas sobre o teor da gravação, solicitação também rejeitada por Fachin.