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Gilmar Mendes diz que Procuradoria "aparentemente" combinou versão com JBS

Delator da JBS diz que repassou R$ 500 milhões para políticos

UOL Notícias

Bernardo Barbosa, Felipe Amorim, Flávio Costa e Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

08/06/2017 17h01Atualizada em 08/06/2017 21h55

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, afirmou nesta quinta-feira (8) que a Procuradoria-Geral da República “aparentemente” teria combinado com os delatores da JBS a versão apresentada nos depoimentos de que as doações eleitorais indicadas no acordo de colaboração seriam todas fruto de acordos para pagamento de propina.

“Assistia esses dias na televisão esse vídeos dessa última delação, e aparentemente houve uma combinação dos delatores com o próprio Ministério Público para falar que todas as doações eram propina”, disse. “Por que? Porque essa é a linguagem que o Ministério Público adotou para todos os fins”, afirmou Mendes.

A delação da JBS trouxe o relato do financiamento a 1.829 candidatos, em mais de uma eleição.

Gilmar Mendes, que é também ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), fez a afirmação durante julgamento no TSE da chapa que reelegeu em 2014 Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB). Os ministros debatiam naquele momento a classificação dos diversos tipos de irregularidades ligadas ao financiamento eleitoral.

Procurada pelo UOL, a Procuradoria-Geral da República não se manifestou sobre a declaração dada pelo ministro na sessão vespertina do julgamento. Na reunião noturna, porém, o vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, fez intervenção referente ao tema e saiu em defesa do Ministério Público.

“Sempre se procurou tratar do que é doação, do que é propina e do que é caixa dois. A PGR nunca confundiu esses conceitos e essas categorias”, afirmou Dino. "O que foi apontado como doação, foi tratado como doação ou caixa dois, o que foi apontado como propina foi tratado como propina”.

A delação dos executivos da JBS, entre eles os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo alimentício, foi homologada em maio pelo ministro do STF Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo.