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Três ex-gerentes da Petrobras viram réus na Lava Jato

Em maio, a PF cumpriu mandados de prisão na 40ª fase da Lava Jato - Onofre Veras - 4.mai.2017/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Em maio, a PF cumpriu mandados de prisão na 40ª fase da Lava Jato Imagem: Onofre Veras - 4.mai.2017/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

13/06/2017 19h37Atualizada em 13/06/2017 21h55

Os ex-gerentes da Petrobras Edison Krummenauer, Maurício de Oliveira Guedes e Márcio de Almeida Ferreira viraram réus nesta terça-feira (13) depois que o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, aceitou denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato segundo a qual os executivos receberam propina de empreiteiras que tinham contrato com a estatal.

Também se tornaram réus Paulo Roberto Gomes Fernandes e Marivaldo do Rozário Escalfoni, sócios das empresas Akyzo e Liderroll, companhias que segundo o MPF (Ministério Público Federal) foram usadas para intermediar o pagamento das propinas; e Luís Mario da Costa Mattoni, executivo da Andrade Gutierrez.

Além da Andrade Gutierrez, entre as empreiteiras que teriam subornado os ex-gerentes da Petrobras estão a Carioca Engenharia, Toyo Setal, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. As propinas seriam oriundas de contratos na área de gás e energia e teriam chegado, no total, a R$ 100 milhões.

Os novos réus da Lava Jato foram alvo da Polícia Federal no começo de maio, na 40ª fase da operação, batizada como "Asfixia". Maurício de Oliveira Guedes e Márcio de Almeida Ferreira foram presos temporariamente (por até cinco dias), enquanto Marivaldo do Rozário Escalfone e Paulo Roberto Gomes Fernandes foram detidos de forma preventiva (quando não há prazo para a soltura). Depois, Ferreira passou a cumprir prisão preventiva.

Krummenauer e Mattoni, por sua vez, assinaram acordo de delação premiada com o MPF. O primeiro admitiu ter recebido aproximadamente R$ 15 milhões de propina nesse esquema. Já o segundo disse que os repasses eram propina e que ele mesmo recebeu R$ 2,2 milhões de Paulo Roberto Fernandes.

Segundo o advogado de Ferreira, Marcos Vidigal de Freitas Crissiuma, a denúncia do MPF traz provas falhas e presunções indevidas sobre o comportamento de seu cliente. "A defesa repudia as acusações colocadas na denúncia e comprovará que Márcio é inocente", disse Crissiuma. 

Até o horário da última atualização deste texto, a reportagem não havia conseguido localizar a defesa dos outros acusados.

Empresas simulavam serviços

Os pagamentos eram intermediados pela Akyzo e pela Liderroll, que simulavam prestação de serviços de consultoria com as empreiteiras, segundo as investigações.

Para a Lava Jato, a empresas repassavam as vantagens indevidas para os agentes públicos por três formas: pagamentos em espécie, transferências para contas na Suíça, e pagamento de despesas pessoais dos ex-gerentes.

Os investigados irão responder pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. 

Ajuda da lei

A lei da repatriação, criada no ano passado, foi utilizada pelo ex-gerente da Petrobras Márcio de Almeida Ferreira para regularizar o dinheiro da propina. "Para dissimular a origem ilícita e ‘esquentar’ aproximadamente R$ 48 milhões provenientes de propina mantida em contas ocultas nas Bahamas, um dos ex-gerentes envolvidos utilizou das benesses da regularização cambial de ativos ocultos mantidos no exterior”, aponta a Procuradoria.

Dessa forma, segundo o MPF, o ex-gerente “regularizou a entrada dos recursos ilícitos mantidos no exterior, alegando que o dinheiro era proveniente da venda de um imóvel”.

“Esse fato é gravíssimo, pois mostra que a lei de regularização cambial institucionalizou a lavagem de dinheiro dos ativos mantidos no exterior”, afirmou, em nota, o procurador Diogo Castor.