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Após devolver dinheiro de Joesley, primo de Aécio pede ao STF para revogar prisão

13.jun.2017 - Ricardo Ferreira de Melo, advogado de Frederico Pacheco, primo do senador Aécio Neves, foi flagrado pela TV Globo no momento em que foi a uma agência da Caixa fazer um depósito judicial no valor de pouco mais de R$ 1,5 milhão. O dinheiro foi levado em uma mala - Reprodução/TV Globo
13.jun.2017 - Ricardo Ferreira de Melo, advogado de Frederico Pacheco, primo do senador Aécio Neves, foi flagrado pela TV Globo no momento em que foi a uma agência da Caixa fazer um depósito judicial no valor de pouco mais de R$ 1,5 milhão. O dinheiro foi levado em uma mala Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

16/06/2017 19h32Atualizada em 22/06/2017 13h51

A defesa de Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio Neves, protocolou nesta sexta-feira (16) pedido para que a prisão preventiva do acusado seja revogada pelo ministro Marco Aurélio Mello, relator da ação cautelar no STF. Fred, como é conhecido, está preso desde o dia 18 de maio.

Na última terça-feira (13), Fred devolveu à PF (Polícia Federal) a quantia de R$ 1.520.100,00, valor que faltava do montante de R$ 2 milhões emprestados pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, a Aécio. Os outros R$ 479.900,00 haviam sido recolhidos pela PF na busca e apreensão à casa da sogra de Mendherson Souza Lima, funcionário do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Segundo investigações da PF, Fred foi encarregado por Aécio Neves de pegar R$ 2 milhões que ele pediu emprestado a Joesley Batista para pagar seus defensores nos inquéritos referentes à Operação Lava Jato. O primo foi filmado pela Polícia recebendo o dinheiro em uma mala, e depois repassou uma parte a Mendherson.

Os advogados de Fred, acusado de corrupção passiva, alegam que, com a devolução do dinheiro, ele não tem mais razão para permanecer em prisão preventiva. Justificam também que o tempo em que ele está preso – quase um mês – foi suficiente para que fossem feitas novas diligências em busca de provas sobre o ocorrido.

“Somando o valor devolvido àquele já apreendido em poder de Mendherson Souza Lima no âmbito da AC 43263 [ação cautelar], constata-se que a quantia coletada pelo Agravante na JBS foi integralmente restituída e está à disposição desta Suprema Corte. Esta espontânea providência do Agravante, evidentemente, denota seu propósito de colaborar na elucidação dos fatos”, diz petição assinada pelos advogados Ricardo Silveira de Melo e Marcelo Silveira Ferreira de Melo.

“Não é por demais lembrar que a imputação dirigida ao Agravante, relativamente à guarda do numerário, restou exaurida em razão da espontânea devolução”, continua o documento. “A liberdade provisória do Agravante, de igual forma, não terá o condão de turbar tal apuração, pois novamente pede-se a inquirição dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud que, obviamente, manterão o que já fora declarado”.

Na avaliação da defesa, medidas cautelares já serão suficientes, tais quais apreensão do passaporte e impedimento de Fred entrar em contato com os outros investigados. Eles dizem também que o investigado prestará todos os esclarecimentos sobre o caso quando seu depoimento for requerido.

Além de Fred e Mendherson, também está presa desde o dia 18 de maio a irmã de Aécio, Andrea Neves. Ela teria participado da negociação dos R$ 2 milhões com Joesley Batista. Na última terça-feira, a 1ª Turma do STF rejeitou um pedido da defesa dela e manteve Andrea presa.

Aécio Neves alega que o empréstimo, de cunho pessoal e não político, foi oferecido pelo próprio Joesley e que se tratou de uma armação do executivo, que estava em vias de firmar acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. A defesa do senador também diz que Andrea inicialmente negociou com Joesley a venda de um imóvel da família, ao que o executivo teria recusado.