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Temer diz que "criminosos" apontam o dedo a outros para fugir de punição

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

19/06/2017 15h25Atualizada em 19/06/2017 15h36

Em vídeo divulgado nesta segunda-feira (19), o presidente Michel Temer (PMDB) afirma, sem citar o dono da JBS Joesley Batista, que “criminosos” criaram um roteiro para “justificar seus crimes” e “apontam o dedo para outros, tentando fugir da punição”, disse o presidente.

A delação premiada de Batista e outros executivos do grupo JBS levou à abertura de um inquérito contra Temer por suspeitas de corrupção e provocou a pior crise do governo até o momento.

Temer tem refutado as acusações lançadas sobre ele e prometeu processar Joesley na Justiça após a entrevista do empresário à revista "Época", publicada no último final de semana, na qual o dono da JBS diz que Temer seria o “chefe da quadrilha”.

No vídeo divulgado em sua conta oficial no Twitter, Temer também faz críticas indiretas aos benefícios concedidos ao grupo JBS nos governos do PT.

“Acabamos com os favores que privilegiavam apenas umas poucas empresas. Cortamos as práticas que permitiam a criminosos crescer à sombra dos ilícitos e do dinheiro público jorrado, sem limite e com juros camaradas”, disse.

“E muita gente não gostou disso. Já está claro o roteiro que criaram para justificar seus crimes. Apontam o dedo para outros, tentando fugir da punição”, afirmou Temer, sem citar o nome de Joesley ou do grupo JBS.

“Aviso aos criminosos que não sairão impunes. Pagarão o que devem e serão responsabilizados pelos seus ilícitos”, conclui o presidente no vídeo.

O presidente divulgou em suas redes sociais nesta segunda-feira uma série de vídeos em defesa de seu governo.

Temer passou a ser investigado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) a partir das delações da JBS.

Joesley gravou uma conversa com o presidente durante encontro no Palácio do Jaburu, em março, na qual Temer aparenta indicar o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) como interlocutor de Batista com o governo.

Posteriormente, Loures foi flagrado numa operação da Polícia Federal recebendo R$ 500 mil de um executivo da JBS. A PGR suspeita que o dinheiro se trata de propina para que o governo atendesse interesses da JBS.

O ministro Edson Fachin determinou que o INC (Instituto Nacional de Criminalística), ligado à Polícia Federal, realize uma perícia na gravação e no aparelho usado para registrar a conversa.

Termina nesta segunda-feira (19) o prazo para que a Polícia Federal conclua sua parte da investigação. Em seguida, a PGR tem cinco dias para concluir o inquérito e decidir se apresenta denúncia contra o presidente.

Para virar réu, o que o afastaria do cargo, é preciso antes que o processo seja autorizado pela Câmara, pelo voto de 342 dos 513 deputados, e em seguida pela maioria dos 11 ministros do STF.