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PT quer convocar Janot, Joesley e Loures em análise de denúncia contra Temer

PT  vai defender a convocação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot (foto) - Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
PT vai defender a convocação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot (foto) Imagem: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

03/07/2017 18h45

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini (SP), afirmou nesta segunda-feira (3) que o partido vai defender a convocação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do dono da JBS, Joesley Batista, à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para que sejam ouvidos antes da votação sobre se a Câmara deve dar aval ao prosseguimento da denúncia por corrupção contra Temer apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal).

O PT também vai defender que a votação da denúncia contra Temer pelo plenário da Câmara dos Deputados seja feita num domingo, à semelhança de como ocorreu na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Por ser presidente da República, Temer só pode ser julgado no STF se a Câmara autorizar o prosseguimento do processo, pelo voto de 342 dos seus 513 parlamentares.

Segundo Zarattini, a bancada do partido vai apresentar requerimentos na reunião da CCJ desta terça-feira (4) para que sejam convocados, além de Janot e Joesley, também os peritos da Polícia Federal que analisaram o áudio da conversa entre Temer e Batista, o ex-deputado federal Rodrigo da Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado recebendo R$ 500 mil da JBS numa mala, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), preso nesta segunda-feira (3) acusado de atuar para obstruir investigações.

“Tem toda uma série de elementos que são tratados na denúncia que nós gostaríamos de ver aprofundados nesse processo”, disse Zarattini.

O líder do PT avaliou como um fato “muito negativo” para o governo Temer a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

“Não tenho dúvidas que a prisão do Geddel, pela proximidade que ele tem do presidente Michel Temer, é um fato muito negativo”, diz.

“Não podemos nos esquecer que o procurador Rodrigo Janot vem preparando exatamente uma outra denúncia que trata da atuação do que ele chama dessa organização criminosa”, afirma o líder do PT.

A prisão de Geddel ocorre no momento em que a PGR (Procuradoria-Geral da República) estuda a apresentação de uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, por supostamente ter dado aval à compra do silêncio de Cunha.

Em relatório entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal), a Polícia Federal afirma que Geddel teria cometido o crime de obstrução de Justiça, ao manifestar interesse na continuidade de supostos pagamentos para comprar o silêncio de Funaro.

O relatório foi entregue no inquérito que investiga o presidente Michel Temer (PMDB). A PF concluiu que Temer cometeu o mesmo crime, ao ter incentivado a manutenção de pagamentos com o mesmo objetivo ao ex-deputado Eduardo Cunha.

Os valores estariam sendo pagos pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, que firmou delação premiada e entregou um áudio com gravação da conversa que manteve com Temer no Palácio do Jaburu, fora da agenda oficial.

No diálogo, após Joesley citar Cunha, Temer diz a frase "Tem que manter isso, viu". A transcrição da conversa, feita pela Polícia Federal, não deixa claro se Joesley chegou a citar explicitamente pagamentos ao ex-deputado.

O presidente Temer tem negado essa interpretação do diálogo e diz que não praticou irregularidades. O perito Ricardo Molina, contratado pela defesa de Temer para analisar a gravação de Joesley, afirmou que o áudio não pode ser usado como prova, por conter sinais de que foi editado e muitas interrupções que comprometem o entendimento completo do diálogo.

Primeira denúncia

Na denúncia já apresentada contra Temer, a PGR (Procuradoria-Geral da República) acusa o ex-deputado Rocha Loures de ter negociado, em nome de Temer, propina para atender a interesses do grupo J&F no governo.

Juntos, eles receberiam R$ 500 mil semanais, que poderiam chegar a um total de R$ 38 milhões se o prazo previsto para pagamento de propina fosse cumprido.

O presidente nega a acusação e tem dito que a denúncia se baseia em “ilações” e seria uma peça de “ficção”.

Agora, a defesa de Temer tem 10 sessões do plenário da Câmara para se manifestar. Depois, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) terá mais cinco sessões para entregar seu parecer e submeter a denúncia a votação no plenário.