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Temer se reúne com presidente da Câmara e líderes para discutir apoio contra denúncia

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em abril deste ano. - Reprodução/Twitter
O presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em abril deste ano. Imagem: Reprodução/Twitter

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

03/07/2017 08h08Atualizada em 03/07/2017 08h47

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), se reuniu na noite deste domingo (2), no Palácio do Jaburu, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), e os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e no Congresso, André Moura (PSC-SE).

Segundo apurou o UOL, o assunto da conversa foi o apoio da base aliada para barrar a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer. Isso porque o presidente já foi notificado da ação pela Câmara na última quinta-feira (29) e agora a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) tem dez sessões do plenário para aguardar a defesa do peemedebista.

O quórum no colegiado deve ser de pelo menos 51 deputados. Os advogados do presidente podem usar todo esse período ou já se manifestar na primeira reunião. Depois, a comissão terá cinco sessões da Câmara para discutir a questão e votá-la. Independentemente do resultado na CCJ, a denúncia será votada de forma nominal no plenário da Casa. Para ser encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal), a denúncia da PGR precisa de, no mínimo, 342 deputados a favor do pedido.

Maia, Imbassahy, Ribeiro e Moura permaneceram no Jaburu por cerca de duas horas. O encontro não constou na agenda oficial de Temer para este domingo. Neste sábado (1º), o presidente Michel Temer fez uma viagem rápida a São Paulo para se encontrar com o advogado e amigo Antonio Mariz de Oliveira e discutir como será a sua defesa na Câmara.

De acordo com relatos de assessores de Temer ao UOL, o presidente deve apresentá-la em até quatro ou cinco sessões. A expectativa é que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente pelo menos outras duas denúncias contra Temer. Por isso, também já chegou a ser discutido nos bastidores se seria possível unir e votar em conjunto todas as denúncias na Câmara.

Nesta semana, após reunião com Temer e integrantes da base aliada no Planalto, Aguinaldo Ribeiro informou que o presidente pediu a votação de forma conjunta. Para o Planalto, a medida diluiria os ânimos dos deputados da oposição ao longo do tempo e daria maior poder de defesa ao presidente. Na quinta, Rodrigo Maia não quis comentar a possível junção, que chamou de “hipótese”, mas anunciou que respeitará os prazos legais e “não vai ter atropelo”.

O apoio de todos os parlamentares de partidos da base não está garantido. A avaliação do Planalto é que muitos deputados podem votar a favor da denúncia por terem pretensões eleitorais em 2018. Com a aprovação de Temer em 7%, segundo última pesquisa Datafolha, os deputados não querem ser vistos explicitamente como aliados do governo.

Michel Temer se tornou o primeiro presidente a responder por um crime no exercício do mandato. Ele é acusado de corrupção passiva com base no conteúdo da delação premiada de executivos e ex-executivos do grupo J&F, do qual o frigorífico JBS faz parte, ao MPF (Ministério Público Federal).