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Busca de apoio do Planalto na Câmara esbarra em pretensões eleitorais de deputados

4.jul.2017 - Michel Temer fez "maratona" e recebeu diversos parlamentares nesta semana - Alan Santos/PR
4.jul.2017 - Michel Temer fez "maratona" e recebeu diversos parlamentares nesta semana Imagem: Alan Santos/PR

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

07/07/2017 04h00

Aliados do governo Michel Temer (PMDB) estão em ritmo de força-tarefa para garantir na Câmara a rejeição da denúncia contra o presidente apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República). No entanto, a busca de apoio do Planalto esbarra nas pretensões eleitorais de 2018 dos deputados federais.

Segundo assessores e aliados de Temer ouvidos pelo UOL, a garantia de votos a favor do presidente está mais difícil de acordo com o agravamento da crise política desencadeada com a delação premiada de executivos da JBS, revelada no final de maio. Isso porque os deputados querem se reeleger ou alçar voos mais altos, como o Senado ou o governo de seus respectivos Estados.

Aparecer ao lado de Michel Temer publicamente e defendê-lo nas votações nominais na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e no plenário da Câmara, que serão transmitidas em rede de cadeia nacional, pode minar o capital político dos futuros candidatos, avaliam. Segundo última pesquisa Datafolha, o governo Temer conta com 7% de aprovação. Essa é a pior avaliação de um presidente em 28 anos.

Um dos deputados que estaria se afastando de Michel Temer seria o próprio presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). Nos bastidores, interlocutores do governo afirmam que ele quer atrair os holofotes para se eleger governador de Minas Gerais em 2018.

Embora seja da mesma sigla que Temer, ele não tem pretensões de apressar a análise da denúncia na comissão, como queria o governo, e indicou como relator do processo o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ). A expectativa é que o escolhido dê um parecer contrário aos interesses do presidente.

Além de Minas Gerais, com os imbróglios do senador Aécio Neves (PDSB) e do atual governador Fernando Pimentel (PT), o Rio de Janeiro também está com o cenário político em aberto para o ano que vem. Políticos do alto escalão carioca estão sendo investigados pela Justiça ou então já presos, como é o caso do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).

Mesmo assim, afirmam políticos e auxiliares do presidente, cada um terá de desenvolver um programa próprio para se eleger em 2018 devido ao grande número de partidos e parlamentares envolvidos em supostos esquemas de corrupção.

Há também quem fale que, independentemente da orientação do partido, não votará a favor de Temer. A deputada Christiane Yared (PR-PR), por exemplo, foi uma dos parlamentares recebidas pelo presidente no Planalto durante a maratona realizada pelo peemedebista na última terça (4).

Ela informou que Temer não tocou na denúncia e, mesmo que tivesse, não votaria contra o processo. No mesmo dia, o Temer se encontrou com o ex-presidente do PR Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, em busca de apoio. “Estou aqui representando os 200 mil eleitores que confiaram em mim o seu voto. Não tem essa história de partido”, disse.

Busca de votos e quórum

Com a viagem de Michel Temer à cúpula do G20 na Alemanha, nesta quinta-feira (6), o foco da chamada tropa de choque do governo e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), responsável pela articulação política, era garantir quórum mínimo de 52 deputados em sessão do plenário nesta sexta (7) para apressar o andamento da denúncia na CCJ.

Normalmente, os deputados costumam viajar nas quintas à noite e nas sextas pela manhã para os Estados de origem.

Tramitação da denúncia

Depois da leitura e da votação do parecer na CCJ, o texto será votado de forma nominal na comissão e no plenário da Câmara. No último, por todos os deputados. Se 342 dos 513 parlamentares votarem a favor da abertura da ação penal, a denúncia volta ao STF, que decidirá se a aceita ou não.

Caso seja aceita pelo STF, Temer se torna réu e deverá ficar afastado da Presidência por 180 dias, período no qual não poderá ser preso. Se ao final dos 180 dias a ação não for concluída pelo tribunal, Temer volta ao cargo mesmo com o processo em andamento.
 

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