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Escolha de novos ministros deve ficar somente para depois de denúncia na Câmara

Ida de Torquato Jardim para a Justiça deixou Transparência com interino - Pedro Ladeira - 31.mai.2017 /Folhapress
Ida de Torquato Jardim para a Justiça deixou Transparência com interino Imagem: Pedro Ladeira - 31.mai.2017 /Folhapress

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

09/07/2017 04h00

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), deve escolher os novos ministros da Cultura e da Transparência somente após o fim da tramitação da denúncia contra ele apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) na Câmara, apurou o UOL.

Inicialmente, o presidente pretendia resolver a questão na volta da viagem à Rússia e à Noruega, entre os dias 19 e 24 de junho. No entanto, o agravamento da crise política e a denúncia formulada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, atrapalharam os planos de Temer.

“Ele queria já ter resolvido isso, mas não conseguiu nessas últimas duas semanas por causa de tudo o que aconteceu. Agora deve esperar o fim da denúncia”, afirmou um interlocutor de Michel Temer.

Outros fatores também pesam na demora da indicação dos novos ministros. Na avaliação do Planalto, anunciar dois nomes em meio à defesa do peemedebista na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e à busca de votos contra as acusações da PGR atrapalharia a força-tarefa do governo. Isso porque o ato poderia ser visto pelos deputados opositores ou que ainda não declararam o voto abertamente como uma interferência do Planalto para tirar o foco da denúncia.

Nos últimos dias, o Planalto viu o apoio ao presidente cair, e os movimentos em direção ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha sucessória, crescerem. Até políticos de partidos aliados, como o PSDB e o próprio PMDB, reforçam o discurso de que o país “caminha para a ingovernabilidade”.

O Planalto também tem consciência de que, independentemente dos escolhidos, haverá forte repercussão devido às pastas serem consideradas técnicas e de temas sensíveis. A da Cultura por sofrer influência da classe artística, com grande visibilidade. A segunda por tratar de combate à corrupção, crime pelo qual significativa parcela de políticos, incluindo Temer, está sendo investigada.

Segundo apurou o UOL, há uma preferência por nomes técnicos para os dois ministérios. Porém, por ter boa circulação no meio artístico, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) foi convidada para assumir o Ministério da Cultura. Marta teria recusado o convite por ter pretensões ao governo paulista em 2018. Se aceitasse, ficaria no cargo somente até abril por ter de se licenciar para as eleições. Ela já comandou a pasta entre 2012 e 2014 no governo Dilma Rousseff (PT).

Interinos

O Ministério da Cultura está com o cargo vago desde 18 de maio, quando o então titular Roberto Freire pediu demissão. Freire é presidente do PPS, partido que decidiu desembarcar da base aliada dias após a revelação da delação premiada de executivos da JBS ao MPF (Ministério Público Federal), em 17 de maio.

Já o Ministério da Transparência está sem ministro desde que Torquato Jardim foi transferido para a pasta da Justiça em 31 de maio e Osmar Serraglio se recusou a trocar de lugar com ele. Desde então, ambos os ministérios estão sendo comandados interinamente pelos secretários-executivos João Batista de Andrade e Wagner Rosário, respectivamente.

A prioridade do Planalto é resolver o nome para a Cultura. O atual interino, secretário-executivo João Batista de Andrade, não é bem visto pela gestão Temer. Andrade se antecipou e enviou uma carta ao presidente Michel Temer em 16 de junho afirmando não querer ser efetivado, mas estar disponível para ajudar na transição.

A Ancine (Agência Nacional do Cinema), vinculada ao Ministério da Cultura, também está com o cargo de diretor-presidente em aberto. Manoel Rangel chegou ao fim do mandato em maio e Debora Ivanov assumiu interinamente. Ela é a favorita de João Batista de Andrade, mas sua permanência ainda não está garantida.

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