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Após encontro com Temer, vice-líder do DEM diz que atrito é "página virada"

Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
Imagem: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

19/07/2017 11h46Atualizada em 19/07/2017 12h30

Após se reunir com o presidente da República, Michel Temer (PMDB), no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (19), o vice-líder do DEM na Câmara, deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM), afirmou que houve uma “falsa crise” e qualquer atrito entre peemedebistas e democratas é ”página virada”.

“Nós entendemos que já há uma página virada deste episódio, uma vez que consta o presidente não convidou parlamentares para ingressarem no partido dele nem tentou dissuadir deputados a virem para o Democratas”, disse.

A audiência com o presidente aconteceu menos de 24 horas depois de desentendimentos entre o PMDB e o DEM. Isso porque, na manhã desta terça-feira (18), Temer tomou café com a líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS), para tentar levar os deputados descontentes com o partido ao PMDB, do qual faz parte e foi presidente nacional por ao menos 15 anos, e, com isso, evitar que fossem para o DEM. O grupo é formado por de 9 a 12 parlamentares.

Para Avelino, o DEM avalia que, no momento, é preciso fazer com que as reformas andem o mais rapidamente possível, especialmente a da Previdência, parada no Congresso desde maio. Ele ainda disse que o partido continua aberto a parlamentares que não se sintam à vontade em suas próprias siglas.
 
“Aqueles deputados que tiverem dificuldades nas suas legendas para exercerem livremente o seu desejo de reformar o país encontrarão abrigo no nosso partido”, declarou.
 
Líder da bancada do PSB na Câmara, Tereza Cristina também adotou um tom pacificador. Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira pela liderança do PSB na Casa, a líder afirmou que o encontro com o presidente Michel Temer foi apenas uma "visita de cortesia" e que o assunto foi a pauta do semestre.
 
"Quanto às especulações sobre a filiação de deputados socialistas a esta ou àquela legenda, enfatizamos acreditar, antes de mais nada, na retomada do diálogo com a Direção Executiva do PSB", afirmou a deputada em nota.
 

Disputa por dissidentes

A avaliação do Palácio do Planalto é que a migração de deputados para o Democratas fortaleceria o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que é primeiro na linha sucessória, e poderia aumentar a articulação em torno de seu nome como substituto viável em caso de afastamento de Temer. Após se encontrarem com Temer, porém, alguns integrantes do PSB participaram de uma reunião justamente com Maia, que negocia há semanas a filiação dos prováveis dissidentes da sigla. A intenção do presidente da Câmara seria ampliar a bancada do DEM.

Toda a movimentação teria desagradado Maia e criado um mal-estar com Temer. Assim, o presidente da República pediu ao ministro da Educação, Mendonça Filho, deputado licenciado do DEM, que arranjasse um jantar para “aparar as arestas”, segundo um assessor do Planalto.

Ao sair da residência oficial da Câmara na noite desta terça, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, responsável pela articulação política, afirmou que foi uma conversa “entre bons amigos e homens públicos exemplares”. Já o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), falou que há “muito ruído” e pessoas que tentam “jogar um contra outros”. Segundo ele, a maturidade de Temer e Maia não permitirá que a relação entre eles seja prejudicada.