Associação de juízes diz que políticos usam imunidade para atacar honra de Moro
A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) divulgou nesta segunda-feira (24) nota de repúdio contra “atitudes ofensivas à honra pessoal” que o juiz federal Sergio Moro estaria sofrendo desde que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último dia 12 de julho, a nove anos e meio de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
A nota diz que o juiz estava cumprindo o seu dever, “que é conduzir os processos judiciais e julgá-los”, e que causa indignação o uso, por parte de políticos, da imunidade parlamentar para “desferir ofensas a quem está cumprindo a sua função constitucional de aplicar a lei ao caso concreto”.
“O inconformismo contra o mérito das decisões judiciais deve se dar com os recursos judiciais postos à disposição das partes e não por meio de agressões verbais, seja na tribuna das Casas Legislativas ou por meio da imprensa”, diz o documento.
A associação de juízes afirmou ainda que as tentativas de enfraquecer e intimidar o Judiciário contribuem para a “impunidade das infrações penais que tanto afligem o Brasil”.
“A Ajufe continuará firme na defesa da apuração dos fatos apontados como criminosos, com a consequente punição de todos os que se locupletaram com a prática ilícita, não havendo nenhuma possibilidade de cerceamento da independência judicial para o julgamento dos processos”, conclui a nota da associação, sem citar nomes.
Reação à condenação
No dia em que a sentença contra Lula foi divulgada, a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou ser “lamentável que um juiz de direito se dê a esse papel, de fazer política através do Judiciário”.
"Lá, no fundo, eu achava que o juiz Sergio Moro daria valor à sua trajetória, ao seu diploma, àquilo que aprendeu na universidade e inocentaria o presidente Lula pelo fato de não ter absolutamente nenhuma prova contra o nosso presidente”, discursou a senadora na tribuna do plenário.
Outros políticos também se manifestaram contra a decisão de Moro, que chegou a ser chamado de “juiz fora da lei”.
A defesa de Lula disse que "o processo foi um enorme desperdício do dinheiro dos contribuintes e que Moro "deveria se afastar de todas suas funções".
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