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Com 70% de reprovação, Temer diz que não lhe falta "ousadia, coragem e fé" para governar

Foto: Agência Brasil
Imagem: Foto: Agência Brasil

Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo

27/07/2017 12h11

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), declarou nesta quinta-feira (27), durante evento em Brasília, que não lhe falta "ousadia, coragem e fé", incluindo sua equipe, para governar o país.

A afirmação foi feita durante evento para assinatura de concessão de aeroportos, em Brasília, e pouco depois de divulgada a pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que mostra mostra que 70% dos brasileiros consideram o governo do presidente Michel Temer ruim ou péssimo.

“Vocês sabem todos, os senhores e as senhoras, que coragem, ousadia e fé não nos faltam. Nem a mim nem à equipe que nós conduzimos. E é interessante, de vez em quando penso que especialmente nesses últimos 60 dias, como o Brasil cresceu, como se produziu nesse período, que coisa incrível”, afirmou Temer.

De acordo com Temer, se conseguir aprovar as reformas política, previdenciária e tributária, não se poderá dizer que o governo passou “em branco”. “Se conseguirmos realizar essas três novas reformas, ninguém poderá dizer que nós passamos em branco nestes dois anos e pouco de governo”, defendeu.

Ele então ressaltou as Medidas Provisórias e as reformas aprovadas pelo Congresso Nacional, como a do Ensino Médio, do teto dos gastos públicos e do trabalho. Segundo o presidente, a cerimônia na qual deu a declaração, de assinatura de concessão de aeroportos, revela que o governo está colocando o Brasil no século 21.

Para Temer, “todos” agora querem investir no país e isso é fruto de responsabilidade na gestão pública. Na sua avaliação, regras foram descomplicadas e a confiança foi restaurada.

“O que tenho ouvido, em resumo, é uma mensagem de fundado otimismo. Por isso que digo agora, não é por acaso que o Brasil está virando a página da crise. Estamos fazendo um dever de casa, convenhamos, atrasado há muito tempo”, ressaltou.

Ao elogiar os ministros presentes e a plateia aplaudi-los, o presidente falou que iria “trazer um puxador de palmas, porque se alguém bate palma, todos batem”. No entanto, considerou, todas as palmas naquele momento “vieram do coração, do reconhecimento”.

Em nenhum momento do discurso Temer citou a crise política e a denúncia contra ele apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) que deve ser votada na próxima quarta-feira (2) em plenário pela Câmara dos Deputados.

Antes da declaração de Temer, o ministro da Secretaria-Geral da República, Moreira Franco, defendeu o "legado" que o presidente deixará ao país. O ministro afirmou, no mesmo evento na manhã desta quinta, que o legado do presidente será de um homem focado na “obra coletiva” da sociedade e do país. "Seu legado será basicamente no homem que pensa na obra coletiva." 

Aprovação do governo é de 5%, diz Ibope

O índice de 70% de rejeição faz Temer empatar com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao alcançar o maior índice de reprovação a um governo na série histórica da pesquisa CNI/Ibope, iniciada no governo de José Sarney (PMDB), em março de 1986.

Na última pesquisa, divulgada em março, 55% dos brasileiros avaliaram o governo do presidente como ruim ou péssimo, percentual superior ao da sondagem publicada em dezembro, quando o governo Temer atingiu 46% de reprovação.

Ainda de acordo com a pesquisa, 5% avaliam o governo como ótimo ou bom. Em março esse percentual foi de 10%. Outros 21% consideram o governo regular, ante 31% na pesquisa de março. O Ibope ouviu 2.000 pessoas, em 125 municípios, de 13 a 16 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
 
O índice de aprovação do governo Temer, com 5% de ótimo ou bom, é o menor de toda a série histórica CNI/Ibope. A menor aprovação de Dilma foi de 9%, em junho e dezembro de 2015, e Sarney obteve 7% de provação em junho e julho de 1989.

Esta foi a primeira pesquisa CNI/Ibope realizada após Temer ser denunciado por corrupção pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

Concessão de aeroportos

O presidente assinou nesta quinta os contratos de concessão para os aeroportos de Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre. Juntos, estes terminais são responsáveis por 12% do mercado doméstico, segundo o ministro dos Transportes, Maurício Quintella.

Os leilões foram realizados em março deste ano. Neste momento, o governo federal vai arrecadar R$ 1,46 bilhão, que irá para o Fundo Nacional de Aviação Civil. O montante corresponde a 25% do valor mínimo de outorga mais o ágio ofertado e será pago à vista. Os 75% restantes serão pagos anualmente ao longo da concessão.

O prazo dos contratos será de 30 anos, exceto para o aeroporto de Porto Alegre, de 25 anos. Todos são prorrogáveis por mais cinco anos. A expectativa é que os investimentos feitos nestes aeroportos cheguem a R$ 6,61 bilhões.

Para o ministro Quintella, a aviação foi bem entre 2005 e 2015, mas sofreu com a crise econômica desde então. Agora, com a retomada do crescimento, o setor começa a dar sinais de recuperação, falou.

Ainda segundo o ministro dos Transportes, a modelagem do setor aeroportuário anterior com a Infraero à frente das operações não se mostrou “sustentável” e o governo estuda promover novas concessões.