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Procuradores da Lava Jato criticam "audácia" de acusados e redução nos investimentos da PF

Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil
Imagem: Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

27/07/2017 11h00

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná), criticou nesta quinta-feira (27) a redução nos investimentos da Lava Jato por parte da PF (Polícia Federal). 

“Preocupa a todos nós o arrefecimento do investimento na Lava Jato pela direção da Polícia Federal”, afirmou por meio de nota. Segundo ele, das últimas sete operações realizadas pela força-tarefa, seis foram feitas a pedido do MPF. “É preciso preservar o trabalho da Polícia Federal nas investigações. O ministro da Justiça e o delegado-geral [da PF] têm poder e a consequente responsabilidade sobre o tamanho do efetivo, que foi reduzido para menos de metade”, disse.

As declarações foram dadas após a deflagração da 42ª fase da Operação Lava Jato, denominada “Cobra”, que teve como alvo ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine, preso temporariamente pelos agentes da Polícia Federal, no interior de São Paulo. Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, depois de pedido feito pela procuradoria.

As investigações da PF apontam que Bendine e pessoas ligadas a ele teriam solicitado vantagem indevida, em razão dos cargos exercidos, para que a Odebrecht não viesse a ser prejudicada em futuras contratações da Petrobras. Em troca, o grupo empresarial teria efetuado o pagamento de ao menos R$ 3 milhões, em espécie. Ainda de acordo com a PF, os pagamentos só foram interrompidos depois da prisão de Marcelo Odebrecht, em junho de 2015.

A nota divulgada pelo MPF contou também com a manifestação de outros dois procuradores. No texto, eles criticaram a “audácia” dos acusados, defenderam a prisão temporária e afirmam que pregar o fim da operação é pedir liberdade para “ladrões”.

Para o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, “é incrível topar com evidências de que, após a Lava Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira”. Ele afirma ainda que os crimes recentes são “a prova viva de que a prisão é necessária para frear o ímpeto criminoso de um esquema que vem desviando bilhões há mais de década”.

A procuradora da República Jerusa Burmann Viecili criticou os que defendem o fim da Lava Jato. Segundo ela, isso é o mesmo que defender “a liberdade para os ladrões do dinheiro público”. “Há quem fale que as investigações contra a corrupção têm que acabar, mas casos como esse [de Bendine] deixam claro que os criminosos não vão parar. Se queremos um Brasil com menos corrupção, é preciso ir até onde eles foram e estão dispostos a ir”, disse.

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