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PMDB fecha questão por rejeição de denúncia contra Temer, diz Jucá

Agência Senado
Imagem: Agência Senado

Luciana Amaral*

Do UOL, em Brasília

01/08/2017 12h12Atualizada em 01/08/2017 14h47

O PMDB, partido do presidente da República, Michel Temer, decidiu fechar questão pela rejeição da denúncia contra Temer apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República, informou nesta terça-feira (1º) o presidente nacional da sigla, Romero Jucá (RR). Isso significa que o partido impõe a seus deputados federais a necessidade de seguir a determinação de voto estabelecida por ele.

 “O PMDB Nacional fechou questão em relação à votação da denúncia contra o presidente Temer”, escreveu em seu perfil no Twitter. Ele ainda disse que os peemedebistas que não votarem junto com o governo sofrerão consequências, sem especificar quais.

“Reafirmo que, como presidente do partido, qualquer ato em contradição a essa decisão sofrerá consequências”, disse. 

No entanto, segundo apurou o UOL, nos bastidores, aliados de Temer já ameaçam retirar afilhados de parlamentares em cargos comissionados em autarquias e órgãos do Executivo. Um dos principais alvos dessa fala é o PSDB, cuja bancada está dividida ao meio quanto ao posicionamento no plenário.

Às 9h desta quarta, a Câmara dos Deputados dá início à sessão que pode definir se os deputados autorizam que o STF (Supremo Tribunal Federal) analise e julgue a denúncia por corrupção passiva apresentada contra o presidente pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

Para que a matéria seja posta em votação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entende que é preciso haver pelo menos 342 deputados com presença registrada no plenário. A base aliada conta com 411 deputados, mas, na prática nem todos devem votar a favor de Temer ou marcar presença.

Para aliados de Temer, é consenso que o Planalto não tem parlamentares suficientes para garantir o quórum mínimo exigido e será preciso contar com a oposição. Para não correr o risco de a votação ser adiada indefinidamente, deixando Michel Temer e as reformas propostas pelo governo vulneráveis, aliados têm reforçado o discurso de que o recesso acabou e os deputados precisam cumprir o "dever cívico" de comparecer à sessão.

A oposição, por sua vez, ainda estuda se irá comparecer ao plenário e tentar obstruir a sessão ou se irá se ausentar e tentar prorrogar a data de votação o quanto for possível. Uma reunião dos líderes opositores para definir a estratégia utilizada por eles está marcada para esta terça (1º). Uma das estratégias já é certa: o grupo espera contar com o voto aberto – de votação ao microfone do plenário — como uma forma de constranger deputados indecisos a votarem contra o presidente.

Em busca dos votos de que precisa no plenário, Temer intensificou os encontros com políticos aliados. Quando não pode se encontrar pessoalmente com um parlamentar por falta de tempo ou outros compromissos programados, Temer telefonou para o alvo e tentou convencê-lo a não se posicionar a favor da denúncia. Nas audiências e nas ligações, o argumento de Temer é que a peça da PGR não tem sustentação jurídica e apresenta as principais linhas de sua defesa.

Requião critica Jucá: "e o PMDB? Quer que eu saia?"

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou Romero Jucá após a ameaça feita pelo presidente nacional do partido de que quem votar contra Temer “sofrerá consequências”. Em sua conta no Twitter, disse que só sai do PMDB se o partido realmente “se transformar em uma quadrilha de políticos corruptos”.

Apesar de ser do mesmo partido do presidente Michel Temer, Requião faz parte da ala oposicionista da sigla. Ele, que é presidente do PMDB no Paraná, disse que Jucá tenta desviar do que importa e que os brasileiros querem os “ladrões na cadeia”. “O Caju quer me tirar do partido. Mas, e o PMDB? Quer que eu saia? É a pergunta que faço aos companheiros!”, questionou.

No domingo, Jucá gravou um vídeo fazendo duras críticas a Requião. Ele disse que viu uma postagem do senador paranaense afirmando que ele estaria buscando um laranja para assinar alguma ação no PMDB para expulsá-lo do partido e que a "cachorrada" do paranaense havia se manifestado.

"Pelo visto o senador Requião deve estar andando com muitos vira-latas e deve ser igual a eles. Não tenho medo de cara feia, nem de bravata", respondeu Jucá. "O senhor disse que pode soltar seus cachorros em cima de mim, solte, não tenho medo. Não devo nada nem à Polícia Federal, nem à Lava Jato. E não sou réu em nenhuma ação, diferente do senhor que é réu em muitas ações aí no Paraná."

Jucá afirmou ainda no vídeo que vai levar a situação do senador paranaense para ser discutida na reunião da Executiva. Segundo Jucá, as colocações de Requião são "lamentáveis e atrasadas" e fazem parte de uma política "antiga, petista, bolivariana, uma política que não condiz com a realidade que o Brasil precisa viver".

*Colaborou Mirthyani Bezerra, do UOL em São Paulo.