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Ataque a Lula, fisiologismo, fim da crise: os argumentos pró e contra Temer na Câmara

Adriano Machado/Reuters
Imagem: Adriano Machado/Reuters

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

02/08/2017 17h26

Ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e recuperação da economia foram os principais argumentos usados por deputados contrários e favoráveis, respectivamente, à admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer durante seus pronunciamentos nas duas sessões desta quarta-feira da Câmara dos Deputados.

Apesar de a denúncia ser sobre supostos atos ilícitos praticados pelo atual presidente, o deputado Wladimir Costa (SD-PA), que tatuou o nome de Temer para demonstrar apoio ao presidente, usou sua fala para atacar o PT e os partidos da oposição. Ele disse que o PT não era partido, era "organização criminosa", causando revolta dos deputados dos partidos de oposição, que o mandaram “lavar a boca”. Em resposta, Costa disse: “Vocês é que precisam lavar as bocarras com soda cáustica”.

“O Temer é um homem ético, transparente, tem história, hombridade, preparo. E vocês podem se preparar para chorar hoje, no muro das lamentações do PT, PSOL, Rede, desses partidozinhos imorais”, afirmou Costa, sob os gritos de “mostra a hena" de deputados da oposição.

Wladimir Costa: “lavem as bocarras com soda cáustica”

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Laerte Bessa (PR-DF) mencionou o nome do ex-presidente Lula, também atacou o PT e disse que parlamentares que querem que Temer seja investigado mas defendem Lula são “incoerentes”. "Incoerentes ao querer falar mal do Temer e defender Lula e Dilma. Que crime Temer cometeu? Vocês leram a denúncia? O maior ladrão do mundo se chama Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou.

Ele disse ainda que “se Deus quiser” Temer vai conseguir governar até o fim. “Eu quero dizer que nós estamos recuperando a economia do Brasil. Se Deus quiser o final vai ser um só: Temer vai governar até o final do ano e o Brasil volta a crescer”, afirmou usando como argumento a recuperação da economia que tem sido a principal bandeira do governo federal para angariar apoio.

Já Major Olímpio (SD-SP) chamou Temer de “ladrão” e colocou o PMDB e o PT no mesmo patamar. “Não há a menor dúvida de que Michel Temer e a sua quadrilha praticaram crime de corrupção passiva. Não adianta vir com essa conversa: ‘ah o PT roubou lá’, o PT roubou junto com o PMDB, com sete ministérios do PMDB”, disse.

Major Olímpio: "PT roubou junto com o PMDB"

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Olímpio rebateu o argumento dos defensores de Temer de que o governo dele está “salvando o Brasil”. “Nesse momento, não adianta ir naquela história de dizer: ‘Estamos salvando o Brasil’. Não se está salvando absolutamente nada. Tem mala de dinheiro, escutas em relação a ele, [mostrando que ele] recebeu clandestinamente um bandidaço que financiou 1.806 políticos e ele recebeu na garagem, disse: ‘Olha tem que continuar com isso, hein?’”, disse.

Um desses defensores é o líder da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP), que também vê na “recuperação da economia” motivo para não afastar Temer da Presidência. Segundo ele, o país está “nos trilhos” e finalmente "recuperando a credibilidade".

“O que está em jogo agora não é se vamos condenar ou inocentar o presidente. Vamos votar se é razoável afastar o presidente da República por seis meses nesse momento que o país está nos trilhos, começando a recuperar sua credibilidade e economia”, disse. 

Baleia Rossi: "O país está nos trilhos"

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Osmar Terra (PMDB - RS) afirmou, também criticando os governos do PT, que Michel Temer precisa continuar na Presidência para que os índices de pobreza diminuam, questionado os dados apresentados pelos governos petistas sobre a redução dos índices. “Em 2006, no auge do governo Lula, nós tínhamos 6 milhões de famílias precisando, do que é hoje, de R$ 182 por mês para poder comer, que é o Bolsa Família. Em 2014, nós tínhamos 14 milhões de famílias precisando de R$ 182, em valores atualizados, para poder comer. Onde que reduziu a pobreza no Brasil?”, disse.

No seu argumento contrário ao presidente Temer, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) mencionou o “fisiologismo explícito” usado por ele para conseguir barrar a denúncia na Câmara.

“Estou envergonhado com algumas frases que ouvi. O Michel Temer mandou 12 ministros para cá. Eu estava perto de um ministro e chegou um deputado e disse: ‘Eu olhei o Diário Oficial e o meu cargo não saiu’. O ministro disse: ‘Confie em mim, não saiu, mas vai sair’. Ou seja, fisiologismo explícito”, disse.

Sílvio Costa: "É fisiologismo explícito"

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Costa disse ainda que todos os deputados que votarem com Temer “podem ser processados por formação de quadrilha”. “Estão dizendo ao Brasil que é preciso aplaudir a corrupção, vocês estão oficializando a corrupção no Brasil. O rouba, mas faz. Daqui a pouco vão criar um novo artigo na Constituição: é permitido fazer corrupção no Brasil”, disse.

Tadeu Alencar (PSB-PE) afirmou que a bancada não está no plenário para dizer que Temer praticou os delitos de que lhe acusam, mas para permitir que ele seja investigado. “Essa casa não tem outra posição a não ser adotar aquele que é o sentimento da ampla maioria do povo brasileiro, que em mais de 80% deseja que o processo penal por crime comum seja instaurando no Supremo Tribunal Federal, que o presidente possa promover a sua defesa e que a Suprema Corte brasileira julgue ao final e ao cabo”, disse.

Tadeu Alencar: "80% da população quer Temer investigado"

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