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PSDB vai orientar bancada da Câmara a votar a favor de denúncia

Felipe Amorim/UOL
Imagem: Felipe Amorim/UOL

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

02/08/2017 10h50Atualizada em 02/08/2017 14h39

O PSDB decidiu orientar a bancada do partido na Câmara dos Deputados a votar a favor da denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB). A decisão foi tomada após reunião de deputados tucanos na manhã desta quarta-feira (2) na Casa.

Segundo contabilidade de aliados do próprio Planalto, pelo menos metade da bancada, formada por 47 integrantes, já iria votar pela rejeição do texto do relator e, consequentemente, a favor da denúncia contra o presidente. Na hora do voto do parlamentar, o "sim" indicará aceitação do voto do relator e, assim, contra o prosseguimento da denúncia contra Temer. Com a orientação, a expectativa é que esse número se confirme e até aumente.

Alguns dos tucanos que não vão votar pelo prosseguimento da denúncia, porém, são o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy – licenciado do mandato que retornou à Casa para a votação – e o relator do parecer contra a peça na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Paulo Abi-Ackel.

A orientação, no entanto, é diferente do chamado fechamento de questão, quando pode haver punições para quem votar diferentemente do determinado pelo partido. O único partido a fechar questão foi o PMDBque decidiu nesta terça-feira (1º) rejeitar a denúncia contra o presidente Michel Temer e punir deputados que não seguirem a orientação.

oposição declarou nesta quarta (2) que só vai registrar presença no plenário da Câmara se o governo alcançar o quórum mínimo de 342 deputados para abrir a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer.

A denúncia contra Temer na Câmara

UOL Notícias

 

A VOTAÇÃO DA DENUNCIA EM NÚMEROS 

51 deputados na casa para iniciar a sessão


52 deputados registrados no plenário permitem o início da fase de discussão, chamada de ordem do dia


25 minutos para a fala do relator da CCJ que pede a rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer


25 minutos para o advogado de defesa do presidente


deputados, no mínimo, discutem o relatório: 2 a favor e 2 contra


257 deputados presentes podem decidir pelo encerramento da discussão


342 deputados registrados no painel é o mínimo para iniciar a votação do relatório


342 votos "não" ao relatório da CCJ são necessários para autorizar o julgamento de Temer pelo STF


513 é o número total de deputados

As suspeitas contra o presidente

O presidente passou a ser investigado a partir das delações premiadas da JBS. O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo, gravou sem o conhecimento de Temer uma conversa com o presidente no palácio do Jaburu, em 7 de março. No diálogo, Temer aparentemente indica Rocha Loures como seu homem de confiança, com quem Joesley poderia tratar de interesses da JBS no governo.

Posteriormente, Loures foi flagrado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil de um executivo da JBS, com quem teria negociado propina que poderia chegar ao valor de R$ 38 milhões, segundo as investigações da Procuradoria-Geral da República.

Para a PGR, Rocha Loures atuou como um intermediário de Temer, tanto na negociação quanto no recebimento da propina. Temer tem negado as acusações contra ele. O presidente chegou a afirmar que a denúncia seria uma peça de "ficção", baseada em "ilações" feitas pela Procuradoria. 

A defesa de Temer contratou o perito Ricardo Molina, que elaborou um laudo afirmando que o áudio de Joesley Batista não poderia ser usado como prova, por conter uma série de interrupções que não permitem reconstituir o diálogo por inteiro, além de não ser possível garantir que a gravação não foi editada. 

Perícia realizada pela Polícia Federal afirmou que o áudio não tem sinais de edição e que as interrupções são compatíveis com o sistema do gravador utilizado, que para e retoma a gravação ao detectar som no ambiente.

A defesa de Rocha Loures tem dito que o recebimento da mala de dinheiro "segundo afirmam, decorreu de armação de Joesley Batista", como afirmou o advogado Cezar Bitencourt, em nota.