Governo monta planilha para monitorar votos da base e definir retaliações
O governo está de olho nas decisões da base aliada no Congresso. A tropa de choque de Michel Temer (PMDB) vai avaliar o comportamento de parlamentares em votações passadas e fazer uma projeção de como os partidos tendem a votar na reforma da Previdência para definir retaliações.
Desde a quinta-feira passada, o Planalto já analisa como punir políticos da base que votaram a favor da denúncia por corrupção passiva contra o presidente da República, apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e rejeitada em plenário na quarta (2).
Segundo apurou o UOL, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) montou uma planilha que detalha como cada deputado votou na reforma trabalhista, na apreciação da denúncia contra Temer e como deve votar em relação ao texto da reforma da Previdência proposto pelo governo.
Todos esses dados serão cruzados e analisados junto à fidelidade dos posicionamentos dos partidos com o Planalto. Dessa forma, o presidente e líderes do governo no Congresso Nacional poderão definir quem e como punir. A planilha deve ser apresentada a Temer nesta quinta (10).
O Planalto sofre pressão de partidos do chamado “centrão” para mudanças ministeriais, sendo o principal alvo o Ministério das Cidades – sob o comando do PSDB – pelo grande orçamento e possibilidade de execução de emendas em bases eleitorais. Mas, por enquanto, o governo não cedeu e preferiu trocar indicações políticas de dissidentes em cargos do segundo e terceiro escalão da administração federal. Isso porque, segundo assessores do Planalto, os ministros se mostraram fiéis a Temer, com muitos inclusive tendo retomado o mandato de deputado federal para ajudar a barrar a denúncia em plenário.
Outro ponto que impede uma grande retaliação por parte do Planalto a deputados favoráveis à peça da PGR é o fato de o governo precisar contar com a ajuda deles e de seus partidos para aprovar a simplificação tributária e a reforma da Previdência. A mudança nas leis da aposentadoria é uma das prioridades do governo e considerada um dos principais fiadores para a continuidade do governo Michel Temer perante o empresariado.
Para aprovar a reforma da Previdência, o Planalto precisa de 308 votos favoráveis à proposta no plenário da Câmara. Na votação de denúncia contra o presidente, alcançou 263 votos. Alguns auxiliares de Temer acreditam contar com o número necessário para a reforma previdenciária se contabilizados os 263 votos mais os deputados ausentes, além dos dissidentes do DEM e do PSDB. Mesmo assim, o Planalto precisa que a matéria seja apreciada em plenário com maioria ampla e não quer correr riscos de vê-la naufragar.
Partidos do “centrão” já ameaçam atrapalhar a agenda econômica do governo não participando das negociações da Medida Provisória do Refis, programa de renegociação de dívidas de empresas com o Fisco. A MP do Refis é considerada fundamental pela equipe econômica para segurar o déficit orçamentário, aumentar a arrecadação de 2017 e tentar suavizar a revisão da meta fiscal. Atualmente, o déficit da meta fiscal está orçado em R$ 139 bilhões. A medida precisa ser votada até outubro para não perder a validade.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.