Topo

Jucá diz encarar denúncia da PGR contra ele como "ato de despedida" de Janot

Senador Romero Jucá (PMDB-RR) - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Senador Romero Jucá (PMDB-RR) Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

21/08/2017 18h02Atualizada em 21/08/2017 18h15

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou nesta segunda-feira (21) que encara a denúncia contra ele oferecida pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nas investigações da Operação Zelotes como um “ato de despedida" do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Nesta segunda, a PGR apresentou denúncia contra o senador por suposto favorecimento ao Grupo Gerdau em uma medida provisória em troca de doações eleitorais. Também são investigados no caso os deputados federais Kaefer (PSL-PR) Alfredo e Jorge Côrte Real (PTB-PE). Por estar em segredo de Justiça, não há detalhes sobre a acusação. O inquérito é relatado pelo ministro Ricardo Lewandowski no STF (Supremo Tribunal Federal). 

“Deixa eu falar uma coisa para vocês. Eu estou muito tranquilo contra qualquer denúncia. Encaro isso como um ato de despedida do procurador-geral e quem fala sobre essas questões jurídicas é o meu advogado. Não tenho nenhum temor. Tenho toda a tranquilidade do mundo e espero que o Supremo analise as questões porque vai ver que não há nenhum motivo para isso”, declarou.

A Operação Zelotes detectou indícios de que o senador alterou o texto da MP 627, de 2013, para beneficiar a siderúrgica. Jucá era o relator do texto, que mudava as regras de tributação dos lucros de empresas no exterior. Os deputados apresentaram emendas que beneficiaram o grupo, segundo os investigadores.

E-mails apreendidos pelos investigadores da sede da Gerdau mostraram que a alteração feita na MP foi sugerida pela própria empresa. Os três congressistas e a siderúrgica negam irregularidades.

A Operação Zelotes apura um esquema feito para fraudar decisões do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que é a última instância de recursos administrativos do Ministério da Fazenda contra a cobrança de impostos e onde, em geral, são julgadas dívidas milionárias com a Receita.

Romero Jucá se reuniu nesta segunda-feira no Palácio do Planalto com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Aloysio Nunes (Relações Exteriores),Torquato Jardim (Justiça e Segurança Pública), Ronaldo Nogueira (Trabalho), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita. Segundo Jucá, o tema discutido foi a crise político-econômica e social da Venezuela.

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor do senador, disse que o procurador-geral da República está lançando suas "flechas finais".

"Tendo a acreditar que isso faz parte da sessão de flechas finais do Janot", sugeriu o advogado, em alusão à declaração recentemente dada pelo procurador-geral, segundo o qual "enquanto houver bambu, lá vai flechada".

"O inquérito não apontou indícios de prática de crimes pelo senador Romeu Jucá", declarou o criminalista.

Para Kakay, a denúncia "faz parte de um conjunto de acusações que estão sendo apresentadas pelo procurador-geral da República no fim de seu mandato para mostrar resultados".

* Com Estadão Conteúdo