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Bolsonaro é resultado do analfabetismo político no Brasil, diz Lula

27.ago.2017 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usa um chapéu do caboclo de lança do maracatu, ao ser recebido na Usina Maravilha, em Pernambuco, durante atividade em sua caravana pelo país - Ricardo Stuckert - Ricardo Stuckert
Lula usa um chapéu do caboclo de lança do maracatu, durante evento em sua caravana
Imagem: Ricardo Stuckert

Gabriela Fujita

Do UOL, em São Paulo

27/08/2017 21h16

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que realiza caravana pelo Nordeste, afirmou que o bom desempenho em pesquisas eleitorais do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) é resultado do analfabetismo político no Brasil.

“Essa figura [Bolsonaro], no fundo, é resultado do analfabetismo político no Brasil. Você passa a compreender que, fora da política, você vai encontrar um cara que é diferente e que pode resolver, ou um político grotesco, como é essa figura, agressivo, que ofende as mulheres, que ofende negros. É um cidadão que não tem o mínimo de respeito com as pessoas. O Brasil tem que negar isso”, disse o ex-presidente em entrevista ao escritor e crítico de cinema Pablo Villaça, exibida neste domingo (27) pela TVE da Bahia, um canal público de TV.

Lula foi questionado pelo entrevistador do programa sobre o que motiva o crescimento do deputado em intenções eleitorais. “Eu não vou citar o nome da pessoa que você falou porque eu aprendi que, em política, a gente não cita nome dos adversários”.

Na última pesquisa Datafolha sobre a disputa presidencial de 2018, divulgada em junho, Lula aparece estável na liderança, com 29% a 30% das intenções de voto, seguido pelo deputado federal, que registrou uma tendência de alta. Bolsonaro tinha 8% em dezembro de 2016, passou a 14% em abril e subiu para 16% em junho, ao lado de Marina Silva, da Rede.

Na entrevista, também reproduzida no perfil do petista no Facebook, Lula falou sobre o que considera terem sido vitórias para o país alcançadas durante seu governo, como o aumento de renda da população mais pobre, e explicou qual é o objetivo da caravana que tem feito em recentes viagens pelo país.

“Há pessoas que fazem muita política pelo WhatsApp, pelo Twitter, por e-mail, e a política tem que ser feita olhando nos olhos das pessoas, porque senão você não humaniza a política. A caravana serve para a gente tentar conversar com as pessoas e humanizar a política”, afirmou.

Condenado em um dos processos em que é réu na Operação Lava Jato, o ex-presidente tem intenção de concorrer à presidência pelo PT (Partido dos Trabalhadores). Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o processo que o condenou a nove anos e meio de prisão chegou em tempo recorde ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª região, em Porto Alegre, que vai analisar o recurso apresentado por sua defesa.

Eventual condenação do petista também em segunda instância impediria sua candidatura para as eleições de outubro do ano que vem.

“Se eu não for candidato, eu quero ser um cabo eleitoral muito forte. Serei forte como candidato, como cabo eleitoral, serei forte em liberdade ou preso, vivo ou morto”, disse sobre a possibilidade de não poder concorrer.

“Eu não vou desistir de fazer política nem me dar um tiro na cabeça. Se eles acharem que devem me impugnar, que o façam. Vou brigar nas instâncias que eu tenho que brigar.”

Para o ex-presidente, a "solução" para o Brasil passa pela geração de emprego, "em vez de colocar dinheiro no banco e incentivar a especulação financeira", e também pela credibilidade de alguém que possa governar o país.

"As coisas começam a voltar à normalidade se essa pessoa tiver o bom senso de juntar gente de bem, não importa se de direita ou de esquerda", concluiu.

Sobre a crítica do ex-presidente a Bolsonaro, a reportagem do UOL entrou em contato com a assessoria do deputado, que informou que tentaria um comentário do parlamentar, mas ainda não houve resposta.