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Fachin prorroga prazo para JBS apresentar dados complementares de delação

Joesley Batista gravou Temer - Marcelo Chello/Agência Estado
Joesley Batista gravou Temer Imagem: Marcelo Chello/Agência Estado

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

01/09/2017 12h12

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin concedeu mais 60 dias de prazo para que os delatores da JBS apresentem novos anexos ao acordo de colaboração premiada. Esses documentos devem trazer informações que corroborem os depoimentos dos delatores. O prazo inicial expirava nesta quinta-feira (31).

A decisão de Fachin foi assinada na quinta-feira (31). Originalmente a JBS tinha um prazo de 120 dias para entrega as provas complementares da delação, contados da assinatura do acordo, em maio.

Entre as novas provas que devem ser entregues ao STF estão também outros áudios de conversas gravadas por Joesley com políticos.

Segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", Joesley decidiu revisar todas as conversas que tinha arquivadas em seu computador depois que entregou o gravador para que a Polícia Federal fizesse a perícia do diálogo entre ele e o presidente Michel Temer (PMDB), durante encontro no palácio do Jaburu.

Os executivos da JBS também devem apresentar extratos e documentos ligados às contas atribuídas pelos delatores aos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT).

As contas foram abertas em nome de uma empresa controlada por Joesley, que afirmou em sua delação que mostrava extratos do saldo ao então ministro Guido Mantega, para informar sobre o montante reservado para o PT.

O ex-ministro Guido Mantega tem afirmado que nunca negociou o repasse de valores irregulares com Joesley Batista. Os ex-presidentes Lula e Dilma afirmam desconhecer a suposta conta em benefício do PT.

Planilha difere corrupção de caixa 2

Entre os documentos já entregues, por exemplo, estão informações sobre como deve ser feita a leitura de planilha entregue pelo diretor Ricardo Saud, que indica doações da JBS a mais de 1.800 políticos.

No material, a JBS aponta quais doações foram fruto de corrupção e quais foram caso de caixa 2, quando não há registro oficial da doação nem a negociação de nenhuma contrapartida para o repasse do dinheiro.

O pedido de mais prazo foi feito pelos advogados dos delatores, com o argumento de que a posterior homologação do acordo de leniência da empresa J&F, controladora da JBS, facilitaria o acesso a documentos e a entrega de novas informações ao processo da delação.

O acordo de colaboração foi firmado por sete executivos da JBS, entre eles os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo.

A delação da JBS deu origem às investigações contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB), ambos alvos de denúncia por corrupção. Temer e Aécio negam ter praticado crime. (Com Estadão Conteúdo)