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Dilma Rousseff acusa Marcelo Odebrecht de mentir em interrogatório a Moro

Guga Matos/JC Imagem
Imagem: Guga Matos/JC Imagem

Do UOL, em São Paulo

05/09/2017 19h50

A ex-presidente Dilma Rousseff acusou o empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira Odebrecht, de “mentir” e “faltar com a verdade” no interrogatório prestado ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, nesta segunda-feira (4).

Ela se referiu ao trecho em que Odebrecht afirma ter atuado como “padrinho” em supostos pedidos dela junto à empresa. A prática, segundo o empresário, era comum dentro da empresa. Cada político tinha um padrinho na Odebrecht, que fazia toda a interlocução.

“Mais uma vez, o senhor Marcelo Odebrecht volta a faltar com a verdade ao dizer em juízo que ele seria uma espécie de padrinho de pleitos da presidenta eleita Dilma Rousseff junto à construtora. É mentira que Dilma Rousseff tenha pedido ou mandado pedir recursos ou favores ao senhor Marcelo Odebrecht ou a dirigentes da empreiteira. Isso jamais aconteceu. O empresário mente”, afirmou a presidente, em nota de sua assessoria distribuída nesta terça (5).

No caso de Lula, segundo Marcelo Odebrecht, o padrinho era seu pai, o fundador da empreiteira Emílio Odebrecht. “Lula era o meu pai. Aécio [Neves, senador do PSDB] era eu, Eduardo Campos (ex-governador de Pernambuco, do PSB] era eu, Dilma era eu. E nada se acertava em relação a determinada pessoa, mesmo por outro negócio, se não fosse comunicado ao padrinho interno, que era uma coisa nossa interna”, afirmou o empresário no interrogatório.

“A verdade virá à tona. Insinuações ou mentiras lançadas não terão o condão de se transformar em fatos. A Justiça vai restabelecer a verdade”, diz a nota da assessoria de Dilma.

Interrogatório

Marcelo Odebrecht foi o primeiro a ser interrogado pelo juiz na ação do MPF (Ministério Público Federal) que acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo a suposta doação de um terreno pela empresa para a construção da nova sede do Instituto Lula. Dinheiro desviado da Petrobras teria sido usado no caso. Ambos são réus na ação.

Por cerca de quatro horas, ele respondeu a perguntas de Sergio Moro, de procuradores, de advogados da defesa e da acusação, e de defensores de outros réus. Após o interrogatório, foi a vez de Paulo Melo, ex-executivo da Odebrecht e réu na ação, a dar informações.

Marcelo Odebrecht disse que Lula “acabou aceitando” o terreno, mas que não sabe afirmar se o ex-presidente foi o responsável por “bateu martelo”. Em nota, a defesa de Lula negou que o petista tenha recebido o imóvel, tampouco em razão de vantagem.

O empresário afirmou ainda estar empenhado em elucidar a acusação. Demonstrou insatisfação com outros delatores e afirmou à defesa do ex-presidente de que o surgimento de mais provas ligadas aos sistemas MyWebDay e Drousys só poderá prejudicá-los.