Depoimentos de Joesley e 2 delatores na PGR chegam ao fim após quase dez horas
Iniciados às 10h desta quinta-feira (7), na sede da PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, os depoimentos dos executivos do grupo J&F Joesley Batista e Ricardo Saud e do advogado Francisco de Assis e Silva chegaram ao fim mais de dez horas depois, pouco antes das 20h20.
A ida deles à PGR foi definida após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciar, na segunda (4), uma investigação sobre a possível omissão de crimes por parte dos executivos que não foram revelados durante o acordo de delação premiada entre a PGR e o grupo.
Primeiro a chegar e a depor, Francisco Silva é advogado do grupo e participou das negociações do acordo de delação premiada firmado com a PGR e homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Em seguida foi a vez de Joesley, cujo depoimento durou aproximadamente três horas. Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", Joesley afirmou que não recebeu orientações do ex-procurador Marcello Miller para negociar um acordo de delação premiada, nem para gravar o presidente Michel Temer no encontro no Palácio do Jaburu, em 7 de março. O empresário teria dito ainda que foi apresentado a Miller por Francisco Silva durante busca por alguém para a área de anticorrupção da empresa.
O último a falar foi Ricardo Saud. Nenhum dos três falou com a imprensa.
Em nota divulgada à noite, a J&F Investimentos informou que “não é possível fornecer detalhes em razão de sigilo”. “O empresário e os executivos continuam à disposição para cooperar com a Justiça”, conclui o comunicado.
Áudios entregues pela defesa do grupo J&F como parte da complementação do acordo de delação premiada revelaram conversas entre Joesley e Saud nas quais eles falam sobre a suposta atuação do ex-procurador federal Marcelo Miller junto ao grupo antes de ele deixar o MPF (Ministério Público Federal) e sobre a possibilidade de Janot ter conhecimento do plano do grupo para delatar políticos.
Os dois também faziam menções a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ao anunciar a investigação sobre as omissões da dupla, Janot disse que, a depender do que for constatado, é possível que o acordo de delação do grupo seja revisto.
Entre as consequências práticas dessa revisão estaria a possível suspensão dos benefícios concedidos aos executivos do grupo como a imunidade penal, que impede os delatores de serem presos pelos crimes que eles revelaram, por exemplo.
Ao longo da semana, Joesley e Saud emitiram uma nota oficial na qual eles afirmaram que as conversas sobre as atuações de Miller, Janot e as menções feitas a ministros do STF não eram verdadeiras.
Na última quarta-feira (6), ministros do STF defenderam a suspensão dos benefícios concedidos aos executivos do grupo, mas sustentaram que as provas oferecidas pelo grupo até agora precisam continuar válidas. O ministro Luiz Fux chegou a sugerir que Joesley e Saud deveriam ser presos.
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